INVESTIGAÇÃO

Polícia Civil aponta os "chefes do esquema" em Caruaru

Polícia conclui inquérito que apura participação de dez vereadores em esquema de corrupção e aponta Cecílio Pedro (PTB), Sivaldo Lima (PP) e Val (DEM) como os "cabeças" do grupo

Wagner Gil
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Wagner Gil
Publicado em 28/12/2013 às 6:48
Wagner Gil/Especial para o JC
Polícia conclui inquérito que apura participação de dez vereadores em esquema de corrupção e aponta Cecílio Pedro (PTB), Sivaldo Lima (PP) e Val (DEM) como os "cabeças" do grupo - FOTO: Wagner Gil/Especial para o JC
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CARUARU – A Polícia Civil concluiu ontem o inquérito que apura a participação de dez dos 23 vereadores caruaruenses em um suposto esquema de cobrança de propina para aprovar projetos da gestão do prefeito José Queiroz (PDT), fechando assim a Operação Ponto Final, que resultou na prisão dos políticos no último dia 18. Eles são acusados dos crimes de concussão, corrupção passiva e de integrar organização criminosa. Foram soltos esta semana por meio de habeas corpus e negam a acusação.

Na coletiva, o delegado Erick Lessa, que chefiou uma equipe de mais três delegados, apontou três vereadores como os mentores do grupo: Cecílio Pedro (PTB) e Sivaldo Lima (PP), pela situação, e Val (DEM), pela oposição. Lessa fez, inclusive, uma projeção de slides sobre cada um dos acusados. “Os três faziam a articulação entre seus colegas de bancada e por isso são considerados os articuladores. Val foi indiciado pelos crimes de concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) além de integrar organização criminosa. Esse crimes podem gerar uma condenação de até 56 anos”, disse.

“Cecílio e Sivaldo foram acusados pelos mesmos crimes, só que uma vez no crime de concussão, uma vez no crime de corrupção passiva, além de integrar organização criminosa. Para eles, a pena prevista pode chegar a 28 anos”, completou. 

Lessa informou que a Operação Ponto Final colheu 37 depoimentos, 763 horas de gravação divididas da seguinte forma: 360 horas de interceptação telefônica; 367 horas de interceptação ambiental (áudio e vídeo) e 36 horas de escuta ambiental (áudio). Todo esse trabalho foi feito com o apoio do Ministério Público e todas as gravações e interceptações foram feitas com autorização da Justiça e acompanhamento do MP. “Concluímos o inquérito com quase 800 páginas hoje e remetemos ao Ministério Público. O trabalho foi muito bem feito pelo delegado Erick Lessa e sua equipe”, afirmou o delegado Salustiano Albuquerque.

Segundo Salustiano, a operação está servindo de exemplo para várias cidades do Estado, com alguns prefeitos pedindo este tipo de investigação em seus municípios. “Já fomos procurados por gestores de outras cidades. Essa operação é um marco que pode servir de exemplo não só para Pernambuco, mas para todo o País. Não podemos aceitar esse tipo de conduta na política”, disparou.

O trabalho desenvolvido pela Polícia Civil foi iniciado em junho. Entre os fatos apurados está o pagamento de propina para derrotar o governo no projeto que mudava a licitação dos transportes públicos. Segundo a Polícia, um vereador também teria recebido R$ 30 mil para votar pela aprovação da JC, o vereador Pastor Jadiel disse que não recebeu dinheiro para votar, mas que teria pedido emprestado esse valor para dois colegas. “Não quero falar sobre esse assunto porque ainda estamos em segredo de Justiça e eu não tive acesso ao inquérito”, disse.

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