Legislativo

Ano novo, oposição nova na Alepe

Assembleia Legislativa retorna à atividade nesta segunda-feira com um novo rearranjo de forças, às vésperas da eleição

Jumariana Oliveira
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Jumariana Oliveira
Publicado em 02/02/2014 às 5:51
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Conforme a tradição, o último ano de governo sempre provoca um rearranjo nas forças políticas do Estado. Os interesses eleitorais costumam movimentar as peças que estão no jogo e este 2014 não está sendo diferente. Legendas antes de oposição passaram a integrar a administração estadual, outrora criticada.

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nova oposição

Principal partido oposicionista – com seis deputados na Assembleia Legislativa –, o PSDB agora integra o governo Eduardo Campos, com um secretário de primeiro escalão. Outras siglas que defendiam a administração, como é o caso do PTB e PT, deixaram a gestão e agora estão em campos opostos ao do PSB, junto com o PMN e DEM.

Como consequência, os parlamentares dos dois novos partidos de oposição assumem outra postura na Assembleia Legislativa. A oposição mudou na Casa de Joaquim Nabuco – que retoma nesta segunda-feira (3) suas atividades, após o recesso parlamentar – e saiu das mãos do PSDB – que esteve na liderança desde o primeiro mandato de Eduardo Campos – e passou para o PT.

Há quase duas semanas, o novo grupo oposicionista anunciou o futuro líder do bloco: o deputado estadual Sérgio Leite (PT). O petista fazia parte da bancada de governo desde 2007, primeiro ano de governo Eduardo Campos.

Seu nome, inclusive, foi especulado na época do troca-troca partidário. Os rumores eram de que Sérgio Leite poderia sair do PT e ingressar à legenda socialista, assim como foi os casos de Isaltino Nascimento, André Campos e Maurício Rands, todos ex-petistas e, hoje, socialistas.

A mudança não foi concretizada porque Leite é oposição ao prefeito de Paulista, Júnior Matuto (PSB), assim como era na gestão do ex-prefeito Yves Ribeiro, também do PSB. O petista não se conforma com o resultado da eleição municipal de 2012, pois acreditava que naquele pleito seria o preferido daquele município.

Sua aproximação com o PSB é motivo de questionamento sobre como será sua atuação como líder da oposição. No dia do anúncio do seu nome, a justificativa apresentada foi de que Leite já atuou na liderança oposicionista na gestão do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), em 2003 e 2004.

Só que agora a situação é diferente. PT e PMDB já estavam em palanques opostos naquela eleição, diferente do atual cenário, onde Sérgio Leite integrou a base governista por sete anos. “Vamos apresentar as dificuldades, os problemas e quais as soluções. Qualquer posição que vamos colocar, vamos apresentar soluções e dizer o que precisa fazer mais”, afirmou o petista, que ainda disse que não pretende “fazer oposição maior ou menor do que ninguém”, numa referência às ações do PSDB.

Na opinião do professor do departamento de Ciência Polícia da UFPE, Adriano Oliveira, o PT, para voltar a ter protagonismo em Pernambuco, terá que ter uma postura crítica em relação a Eduardo Campos. “Para o PT voltar a ser forte precisa ter Eduardo Campos como adversário, se não reconhecer isso, vai continuar um partido secundário”, afirmou.

Para o especialista, a grande expectativa é com relação a atuação do deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), já que agora seu partido integra a governo. “No momento em que ele muda de discurso e não tem como justificar, isso pode ter consequência no pleito”, avaliou Adriano Oliveira.

Mas não é apenas as posições de Sérgio Leite e Daniel Coelho que causam questionamentos. Apesar de alguns membros da nova oposição terem atuação mais discreta – casos de Adalberto Cavalcanti, Augusto César e Júlio Cavalcanti, todos do PTB –, outros foram defensores fieis do governador durante todo o mandato. Como é caso do deputado Sílvio Costa Filho (PTB), que foi vice-líder do governo.

Nos pronunciamentos da oposição, Silvinho teve o costume de rebater qualquer crítica feita no plenário pelos rivais. Agora, o petebista alega que a oposição será feita de forma “pedagógica”, apontando as falhas onde o governo do Estado pode melhorar.

Os petistas Manoel Santos, Odacy Amorim e Teresa Leitão deverão ter uma postura mais incisiva este ano. O primeiro já apontou falhas do governo em algumas ocasiões, enquanto Odacy tem mágoas com o PSB por não ter lhe dado apoio para disputar a eleição em Petrolina. A atuação mais enfática, no entanto, deverá ser feita pela deputada Teresa Leitão, que é presidente estadual do PT e não concorda com a postura crítica do governador em relação à gestão da presidente Dilma.

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