Memória Política

Relação Carnaval e ditadura em debate

Evento promovido pelo Arquivo Público e Secretaria estadual de Educação discute atos de repressão ao Carnaval do Recife durante as ditaduras

Carolina Albuquerque
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Carolina Albuquerque
Publicado em 15/02/2014 às 5:33
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Os atos de repressão ao Carnaval do Recife nas ditaduras Vargas e militar estão em debate no Arquivo Público de Pernambuco, Rua do Imperador, neste e no próximo sábado. O evento, promovido pelo órgão em parceria com a Secretaria estadual de Educação, tem início com a mesa de autoridades, da qual participam o secretário Ricardo Dantas, o presidente da Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, Fernando Coelho, e o diretor do Gajop, Rodrigo Deodato.

Também será inaugurada uma exposição com documentos dos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), jornais e fotografias da época e livros sobre o tema. O acervo ficará exposto até 15 de março, das 8h às 17h. Neste sábado à tarde à tarde, a discussão gira em torno da repressão empreendida contra a cultura carnavalesca no contexto do século 19.

Já a programação do dia 22, que tem início às 8h, é dedicada ao Carnaval no início do século 20, na era do governo de Getúlio Vargas e no anos de chumbo.

Da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o historiador Sandro Silva, traz uma discussão mais específica: a repressão a travestis e transexuais no Carnaval da década de 1970. Já o historiador Diogo Barreto ministra palestra sobre como se deu a repressão no período mais duro do regime militar.

“O ano de 1971 foi considerado um dos carnavais mais violentos daqueles anos. Eram mais de quatro mil policias em campo. Apesar de não identificar uma relação direta com a política da ditadura em acabar com os movimentos revolucionários à época, não se sabe o real motivo por que as pessoas foram mais vigiadas pela polícia. E essa repressão se deu mais pelo cunho moral e de ordem, perseguidos pelos militares”, explica Diogo.

Uma das mesas traz o depoimento de quem esteve diretamente envolvido com a cultura carnavalesca, como foi o seu Nado, ex-presidente da escola de samba Galeria do Ritmo, fundada em 1962, e Leonardo Dantas e Getúlio Cavalcanti, dois dos criadores do bloco da saudade, de 1973.

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