Mesmo chateado por ter sido rifado da chapa majoritária da frente governista – sonhava em ser candidato a governador – e pela falta de diálogo ao longo do processo de definição, conduzido pelo governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB), o vice-governador, João Lyra Neto ( ex-PDT, hoje PSB) acabou comparecendo ao hotel na Zona Sul do Recife, nessa segunda-feira, e foi uma das figuras mais exaltadas pelos correligionários nos discursos. Apesar da presença, demonstrou pouca empolgação com a campanha e não discursou.
Lyra entrou no auditório acompanhado da cúpula do PSB, à frente o governador Eduardo Campos (PSB). Sentou entre sua esposa e Paulo Câmara. Prestes a assumir o governo - no início de abril, com a desincompatibilização de Eduardo para disputar a Presidência da República -, não discursou, mas posou para fotos ao lado dos aliados.
Em entrevista ao Blog de Jamildo na saída do ato, Lyra disse que nunca se colocou como pré-candidato e que recebeu com "muita tranquilidade" a bênção a Paulo Câmara. “Foi a decisão do governador Eduardo Campos, que, com certeza, já unificou toda a Frente Popular. Tenho a preocupação de concluir o governo Eduardo Campos e ir para a campanha da Frente Popular. Vamos ganhar a eleição”, disse, sem muito entusiasmo.
Nos bastidores, se sabe que a mágoa maior de Lyra foi motivada pela falta de diálogo do governador. Na semana passada, ele soube da definição por Paulo Câmara através da imprensa. Só depois foi procurado pelo governador para conversar.
Mesmo assim, Lyra não deve prejudicar a campanha. Tem o entendimento de que não quer ser o obstáculo da eleição.
No evento, coube ao governador a fala mais exaltada em favor de Lyra. Ele destacou a “lealdade” do correligionário e disse esperar do deputado federal Raul Henry - o vice da chapa recém-formada - a mesma postura de Lyra.
“Essa marca (de lealdade) eu quero tributar ao meu amigo João Lyra, que nunca nos faltou em todos os momentos do governo. Coragem de assumir o adverso, a discrição de fazer a orientação pessoalmente e não pelos jornais. A correção de quem é mais experiente. Esse grande apoio, João, foi fundamental para que chegássemos até aqui. Esse mesmo apoio você vai poder contar comigo a partir de abril, quando mandato não terei mais. Mas o que você precisar, você vai contar com seu amigo”, declarou Eduardo Campos.
Paulo Câmara destacou a “seriedade” do vice-governador. “Todos nós confiamos no senhor e, em nove meses de mandato, vai ajudar muito”, declarou, seguido de palmas do auditório lotado.
Já o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB), agora pré-candidato ao Senado, carimbou que Lyra será um cabo eleitoral importante no Agreste, pela sua “trajetória política e biografia irretocável”. A família do vice-governador é natural de Caruaru, cidade da qual ele já foi prefeito por dois mandatos.
Em entrevista após o evento, o ex-ministro afirmou que conversou com o correligionário e garantiu: “ele está animado”. Ainda segundo Bezerra Coelho, sua relação com o vice-governador está preservada. Os dois queriam encabeçar a chapa. Aproximaram-se ao longo do processo de definição e teriam firmado um “acordo de solidariedade”, segundo o qual um apoiaria se o outro fosse escolhido.
“João foi importante durante todo o período e será importante agora neste período de fechamento do governo Eduardo", disse.
