MANIFESTAÇÃO

Marcha da Família com Deus ganha as ruas do Recife no sábado

Prevista para ocorrer em 200 cidades do Brasil, movimento relembra ato ocorrido em março de 1964, contra o governo de João Goulart

Ayrton Maciel
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Ayrton Maciel
Publicado em 18/03/2014 às 22:23
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Prevista para ocorrer em 200 cidades do País, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade – movimento deflagrado em 19 de março de 1964, em São Paulo, contra o governo João Goulart –, reunindo a direita radical e setores conservadores da sociedade e da Igreja Católica, deve ser reeditada, também, no Recife no próximo sábado (22). A “marcha” está sendo articulada, nacionalmente, por redes sociais, por militares da reserva, reformados e simpatizantes do Golpe de 1964. Nas redes sociais, as convocações, com imagens de panfletos, pedem uma contraditória “intervenção militar constitucional” no País, com a derrubada do governo, fechamento do Congresso Nacional e reforma do Poder Judiciário.

O movimento ultra-direita é inspirado na Marcha da Família pré-Golpe de 64, quando a capital paulista, 12 dias antes do movimento militar, reuniu milhares de pessoas no centro da cidade contra as reformas de base anunciadas em comício, seis dia antes, no Rio de Janeiro, por Jango. Os articuladores da “nova marcha” asseguram que defendem apenas uma “faxina” na vida pública brasileira, com os militares em “breve tempo” convocando eleições gerais para novos governantes, que deverão ser fichas limpas. Ou seja, contraditoriamente, tudo por decreto ditatorial. Em São Paulo, a marcha deve sair às 15h da Praça da república à Praça da Sé.

O ato do Recife deve ter concentração de militares inativos e simpatizantes do Golpe de 64 – segundo informação não-oficial, uma vez que o movimento local não apresenta líderes nas redes sociais - em frente à 7ª Região Militar, na Cidade Universitária. Por legislação própria, militares da ativa estão proibidos de participar de manifestações ou dar declarações políticas. No Recife, a Associação dos Oficiais Militares da Reserva revelou que não tem posição tomada sobre a participação ou não na marcha, uma vez que não tem detalhes e a mobilização está sendo por redes sociais. “Não descartamos, mas estamos discutindo se haverá participação, engajamento e incentivo à marcha. Como militares da reserva, não há empecilho (à presença)”, revelou o presidente da entidade, tenente Rogério Vasconcelos.

Ontem, foram distribuídos panfletos em faculdades do Recife convocando para a marcha. Até um site de perfil militarista é divulgado em divulgado: www.ordem dourada.com para o acesso do público. Nas rede sociais, as convocações falam em defesa da “fé, família e pátria” e também “honra, moral e liberdade”. Os articuladores asseguram que “não apoiam nenhum partido político” e exaltam frases como “Basta! Chega de corrupção! Chega de impunidade!”. De outra parte, também pelas redes sociais, militantes da esquerda anunciam manifestações também no sábado de protesto contra a direita radical.

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