O processo de formação de uma nova liderança política em Pernambuco poderá ocasionar imbróglios internos caso a condução desagrade as partes envolvidas no projeto da Frente Popular. O tema já é tratado com cautela pelos aliados, que têm o receio de que o assunto gere ciumeiras entre os principais nomes do partido, a exemplo do prefeito do Recife, Geraldo Julio, e do próprio Paulo Câmara. Desde a morte de Eduardo Campos, Geraldo tem trabalhado para assumir o posto de liderança.
Um acordo interno foi firmado pelos principais nomes do partido. Com a entrada de Paulo Câmara no cenário político, o prefeito Geraldo Julio e o senador eleito Fernando Bezerra Coelho deverão auxiliar o novato nas discussões mais politizadas. O objetivo é “treinar” Paulo para que ele possa assumir o perfil de líder até o final do próximo ano. A dupla, inclusive, esteve com ele em São Paulo e Brasília na última semana. O objetivo é fazer com que o governador passe a ser mais conhecido pelos líderes políticos municipais e também nacionais, já que Paulo Câmara não tem nenhuma trajetória política.
O cientista político Juliano Domingues avalia que conflitos internos podem atingir os dois nomes. “O conflito entre os dois é algo possível, uma vez que se trata de duas lideranças emergentes, com desejos e capacidades provavelmente bem semelhantes”, avaliou. Segundo ele, Geraldo também tem respaldo para assumir o papel de líder por se tratar de um nome ligado ao maior colégio eleitoral do Estado.
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O receio de provocar divisão é evidente no discurso de alguns socialistas. Líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Waldemar Borges (PSB) preferiu falar sobre o papel de Geraldo Julio e de Paulo Câmara de maneira conjunta. “Acho que não se pode ‘fulanizar’ esse debate. Paulo e Geraldo se destacaram pela liderança que demonstraram. Geraldo com seu desempenho no Recife e Paulo pela forma que desenvolveu o papel que lhe foi conferido”, disse.