FUTURO

Paulo Câmara e o desafio da liderança

Eleito, o novo governador terá que assumir papel nas novas articulações políticas do Estado

Jumariana Oliveira
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Jumariana Oliveira
Publicado em 11/10/2014 às 14:00
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Eleito, o novo governador terá que assumir papel nas novas articulações políticas do Estado - FOTO: NE10
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Depois de obter um resultado positivo nas urnas, o governador eleito Paulo Câmara (PSB) agora tem o desafio de assumir o papel de liderança política em Pernambuco. Com a morte inesperada do ex-governador Eduardo Campos, os membros da Frente Popular de Pernambuco se viram “órfãos” de alguém que pudesse conduzir o processo político do Estado com o mesmo poder de articulação que tinha o ex-governador. Paulo disse que assumiria o papel a partir de 2015, condicionando a liderança ao fato de sair vitorioso do pleito.

Professor da Universidade Católica de Pernambuco, o cientista político Juliano Domingues destaca que o amadurecimento político de Paulo Câmara não é mais uma opção. “Passa a ser necessidade”, visto que há um espaço aberto em virtude da morte do ex-governador. O especialista destaca que dois fatores contribuirão para que Paulo assuma esse novo papel: a morte de Eduardo Campos e o seu desempenho nas urnas. No primeiro turno, o socialista foi eleito com o maior percentual de votos do Brasil (68%).

O fato de ocupar o posto mais significativo do Estado fortalece o nome de Paulo como uma liderança em ascensão. “De maneira geral, quando uma liderança (Eduardo Campos), por qualquer motivo, deixa de ocupar determinado espaço, ele tende a ser ocupado por aqueles que alimentam certa expectativa de poder. As circunstâncias ofereceram essa oportunidade para aqueles mais próximos ao ex-governador, sobretudo àqueles escolhidos para a disputa das últimas eleições majoritárias”, avalia Domingues. 

Após o resultado, Paulo já passou a assumir uma postura com o intuito de herdar o papel de liderança. O primeiro sinal foi dado na coletiva de imprensa que concedeu após a aberturas nas urnas. No primeiro contato com a imprensa, Paulo assumiu à risca uma postura que era típica do ex-governador Eduardo, que não costumava antecipar as decisões do seu grupo político, mesmo que todas estivessem fechadas. 

Diante do cenário sobre o segundo turno, Paulo, logo após ser eleito, disse que conversaria com o partido para levar a decisão à Executiva nacional. Já havia o indicativo de que o apoio seria dado ao senador Aécio Neves. O senador eleito Fernando Bezerra Coelho, inclusive, deixou claro que o grupo esperaria uma decisão do “novo líder” da Frente. O governador eleito manteve a posição. Não antecipou em nenhum momento nem mesmo sua preferência pessoal. 

Dois dias após ser consagrado nas urnas, iniciou um processo de articulação nacional. Foi à São Paulo acompanhado de correligionários pernambucanos e conversou com a ex-senadora Marina Silva. Depois de participar das negociações para o apoio do PSB ao PSDB no segundo turno, Paulo já passou a integrar outra articulação. 

A eleição interna do PSB, que ocorre amanhã, foi outro tema tratado por Paulo Câmara na primeira semana depois do pleito estadual. Mesmo sem histórico de militância no PSB, Paulo assumirá a vice-presidência nacional do partido. A articulação foi feita com os membros do partido em Pernambuco. Juliano Domingues ressalta que o a votação expressiva de Paulo o credencia para disputar a posição. “Se ele vai ou não ter respaldo das demais lideranças nacionais, já é um outro ponto”, avaliou. 

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