Frente Popular não garante vitória de Aécio Neves

O tucano só obteve 29% dos votos em Pernambuco. Avaliação é de que população não assimilou a aliança entre PSB e PSDB
Jumariana Oliveira
Publicado em 27/10/2014 às 8:00
O tucano só obteve 29% dos votos em Pernambuco. Avaliação é de que população não assimilou a aliança entre PSB e PSDB Foto: Jumariana Oliveira


A força que a Frente Popular de Pernambuco comprovou nas urnas no dia 05 de outubro, com a vitória de Paulo Câmara como o governador mais bem votado do Brasil no primeiro turno (68%), não foi suficiente para conceder a vitória ao senador Aécio Neves (PSDB) no Estado. Apoiado pelo PSB, pela família Campos e ainda com a aajuda de várias legendas da base governista local, Aécio saltou dos 6% no primeiro turno para 29,8% na segunda etapa, amargando uma derrota significativa na disputa contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que obteve 70,2% dos votos válidos dos pernambucanos. Mesmo com as movimentações feitas pelos socialistas, que mobilizaram prefeitos, deputados e lideranças locais, o favoritismo de Dilma impôs ao PSB de Pernambuco uma derrota que não era esperada pelas lideranças do partido.

Apesar da morte do ex-governador Eduardo Campos, a legenda conseguiu manter a hegemonia no Estado, fazendo uma ampla base governista e elegendo governador e senador no último pleito. Socialistas esperavam que a aprovação popular que garantiram no Estado fosse suficiente para dar a vitória a Aécio Neves. Os representantes da sigla no Estado, inclusive, trabalharam para levar o PSB para o palanque de Aécio Neves e chegaram a emplacar pernambucanos na nova Executiva nacional - quem defendia o nome do tucano tentou vincular o processo sucessório interno com o posicionamento da legenda no segundo turno. Porém, a nova postura do PSB, que desde a eleição de 1989 caminhava com o Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais, não foi entendida pela população pernambucana. 

Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o cientista político Hely Ferreira avalia que o posicionamento do PSB representa um “tiro no pé”. O especialista destaca que o resultado das urnas comprova a reprovação do pernambucano quanto à nova costura política dos socialistas. “Historicamente o PSB sempre esteve junto do PT. Por conta do projeto individual, o partido se afastou, saiu com candidato e no segundo turno decidiu apoiar (o PSDB). Ficou divido. O povo agora deu uma resposta, mostrando que não está antenado (com a decisão)”, avaliou. 

No primeiro turno, o índice de Dilma Rousseff em Pernambuco foi inferior à soma dos votos dados a candidatos de oposição. Essa era uma aposta da Frente Popular de que Aécio Neves iria obter a maioria dos sufrágios no Estado. Porém, Hely Ferreira destaca que o voto dado a Marina Silva (PSB) no primeiro turno tem relação com o sentimento provocado pela morte do ex-governador Eduardo Campos. “O eleitor no primeiro turno não votou na oposição. Votou em Marina por causa de Eduardo”, disse. 

Sobre a situação do Estado no novo cenário eleitoral, já que as lideranças de Pernambuco estiveram na oposição, Hely Ferreira destaca que será preciso capacidade de diálogo com a União, característica que ainda não se pode avaliar sobre Paulo Câmara. Para o cientista político, o senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB) será uma das lideranças responsáveis pela intermediação. Bezerra em trajetória na política e foi ministro de Dilma. 

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