RECEITA PRÓPRIA

Ipojuca: alta na arrecadação e baixa nos indicadores sociais

O município possui a melhor arrecadação per capta do Estado, mas incidência da pobreza atinge 62,83% da população

Beatriz Albuquerque
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Beatriz Albuquerque
Publicado em 27/12/2014 às 7:10
Foto: Rodrigo Lôbo / JC Imagem
O município possui a melhor arrecadação per capta do Estado, mas incidência da pobreza atinge 62,83% da população - FOTO: Foto: Rodrigo Lôbo / JC Imagem
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A prefeitura de Ipojuca, município localizado no litoral sul do Estado, teve a melhor arrecadação própria per capta no ano de 2013. De acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), cada contribuinte pagou em média R$ 2.060,95 em tributos. Entretanto, os últimos indicadores sociais do município revelam a situação de pobreza e os problemas enfrentados pela população.

Com a instalação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, Ipojuca passou a ser um dos cinco municípios de Pernambuco com maior receita tributária, ultrapassando em termos proporcionais as receitas de Recife (R$ 1.287.763.806,35) e Jaboatão dos Guararapes (R$ 201.612.928,31). 

Além das oportunidades decorrentes da instalação das indústrias nas redondezas, o potencial turístico da praia de Porto de Galinhas e a rede hoteleira local é também uma importante fonte de receita do município. Porém, no último censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2010, a incidência da pobreza atingia 62,83% dos moradores de Ipojuca.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), cálculo que engloba as dimensões da renda, longevidade e educação, apontou que Ipojuca estava atrás de mais de 40 municípios do Estado, com um indicador considerado médio (0,619). Além de ter o rendimento mensal médio por habitante de apenas R$ 296,67, na zona urbana, e de R$ 192,67, na zona rural.

O abastecimento de água e a coleta e tratamento de esgotos é um dos principais problemas vivenciados pelos ipojuquenses. O TCE aponta que, até 2011, a cobertura de abastecimento de água no município era de 47,4% e de saneamento básico de 14,7%. 

De acordo com o IBGE, a maioria dos domicílios permanentes, tanto na zona rural (50,1%) quanto urbana (52,1%), possui saneamento básico “semi-adequado”. A situação é considerada ainda mais alarmante na zona rural, onde o saneamento é adequado em apenas 4,8% dos domicílios.

A deficiente infraestrutura fez com que o município chegasse a sofrer um surto de casos de esquistossomose no ano de 2000. Apesar da riqueza financeira, até hoje a prefeitura de Ipojuca não conseguiu que esse deixasse de ser um problema de saúde pública entre a população. 

Estudos desenvolvidos pela unidade da Fiocruz no Estado, ao longo de 13 anos, mostram que o número de pessoas contaminadas diminuiu de 22% para 15,7% embora a quantidade de focos de caramujos (agente transmissor) contaminados tenha aumentado de 15 para 25. A doença que se tornou crônica na cidade está relacionada à fatores como a degradação ambiental e a ausência de água encanada e saneamento básico.

Ainda com relação aos indicadores da saúde, a taxa de mortalidade infantil cresceu entre 2009 (7,5%) e 2011 (12,6%), apesar das despesas com saúde por habitante terem aumentado em relação ao mesmo período, passando de R$ 688,33 para R$ 851,63.

No quesito educação o município atingiu a marca de 3,5 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O município do Estado com melhor desempenho foi Quixaba (5,7) e com o pior foi Agrestina (3,2). Em relação ao indicador de fracasso escolar, ou seja, repetência mais abandono, Ipojuca registrou 22,6%, tendo sido o maior índice atingido em Itaíba (48,6%) e o menor em Parnamirim (11,6%).

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