Casa Civil

Antonio Figueira, o homem na linha de tiro do governo Paulo Câmara

Secretário da Casa Civil recebe crítica de aliados e nega atritos com governistas

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 06/06/2015 às 13:11
JC IMAGEM
Figueira deixou o governo estadual nesta segunda-feira (28) - FOTO: JC IMAGEM
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O titular da Casa Civil despacha diariamente com o governador e tem a missão de fazer a coordenação interna do governo, tentando conciliar interesses de deputados aliados, partidos da base e dos demais integrantes da gestão. Mas é justamente essa capacidade política que coloca o secretário na linha de tiro da administração. O alvo da vez é o médico Antonio Figueira.

Os corredores do Palácio do Campo das Princesas não são mistério para Figueira, que já foi assessor especial e secretário-adjunto de Saúde do governo Miguel Arraes e secretário de Saúde da administração Eduardo Campos. A novidade em questão é o fato dele deixar o conforto da sua área de atuação para ingressar em outra mais política e conhecida como o “celeiro” de problemas do governo. O secretário, no entanto, garante que está adaptado à função.



Nos bastidores da Frente Popular, no entanto, a avaliação é diferente. Em reserva, prefeitos e deputados da base do governo Paulo Câmara (PSB) afirmam que Figueira está no lugar errado. Os críticos declaram que o secretário é competente e trabalhador, mas atribuem a ele características como arrogância e falta de jogo de cintura como fatores incompatíveis com o posto que ocupa. “A porta está aberta. Esse testemunho (de reclamações) não nos chega. Ao contrário, dizem que são bem recebidos na Casa Civil”, defende-se Figueira.

Como prova de que é acessível, Figueira destaca que desde que assumiu a Casa Civil recebeu 130 prefeitos e 40 deputados em seu gabinete. A conta não inclui encontros externos, eventos do governo e agendas na Assembleia Legislativa. A defesa do secretário é reforçada pelo prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB). “É um desafio grande mediar os conflitos dentro da pluralidade do governo. Figueira tem se saído bem. A gente tem tido respostas para a nossas demandas”, afirma.

O depoimento de Patriota vai na contramão do que dizem alguns prefeitos da base do governo. A reclamação é a mesma: a de que o secretário é pouco afeito ao diálogo e não tem o cuidado necessário na hora de dizer não às demandas municipais.

Também em reserva, deputados relembram a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e dizem que Figueira foi pouco hábil ao tentar impor o nome de Lula Cabral (PSB) para o posto de primeiro-secretário. Como resultado dessa possível interferência, os parlamentares elegeram Diogo Moraes (PSB) e causaram constrangimento ao governo. Figueira nega que tenha se envolvido com a questão e ressalta a independência do Legislativo.

Os rumores sobre a relação de Figueira com seus pares são variados, mas nenhum dos críticos quer se expor. Em reserva, um prefeito da base do governador destaca que desde o início da gestão o titular da Casa Civil já se desentendeu com outros secretários de Paulo Câmara. A declaração é rechaçada. “A relação é tranquila”, fala Figueira.

CASA CIVIL: O PAREDÃO

O fogo-amigo por qual passa Antonio Figueira não é uma exclusividade do governo Paulo Câmara (PSB). A reportagem do Jornal do Commercio ouviu ex-integrantes da Casa Civil e as declarações, feitas sob a condição de que não fosse revelado de quem partia, convergiram para o desafio que é estar à frente da pasta.

Um ex-secretário da Casa Civil classificou a pasta como “paredão”. O interlocutor disse que quem comanda a secretaria sofre porque precisa assumir o que o governador não quer fazer. Muitos dos “nãos” que o chefe do Executivo precisa dar, mas não pode por uma questão de governabilidade, ficam então nas mãos do comandante da Casa Civil.

Sem querer entrar no mérito sobre as habilidades e deficiências de Figueira como secretário, outro ex-titular da pasta destaca que o governador tem mesmo que dar carta branca ao chefe da Casa Civil. “Se o governador não der espaço e poder ao secretário da Casa Civiol, o governo se enfraquece e o governador se expõe”, teoriza em reserva.

Entre os críticos de Figueira, há quem afirme que o secretário tem se valido do cargo para mostrar poder em excesso e que ele está indo com “muita sede ao pote” na tentativa de se viabilizar como uma opção eleitoral do PSB. Em reserva, o chumbo grosso é disparado. “Eduardo Campos, sendo o líder de todos, buscava o coletivo. Por que Figueira, que nem é poderoso, não?”, fala o governista.

Figueira nega que disputar um cargo eletivo esteja em seus planos para 2016 ou 2101. O secretário da Casa Civil também garante que não se considera um dos “homens fortes” do governo. “Paulo tem uma equipe coesa, unida, sem estrelismo”, reforça.

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