Crise em Pernambuco

Movimento sindical de oposição quer ir às ruas pressionar por queda de Dilma

Defesa de saída da presidente ocorreu em audiência, na Alepe, sobre crise econômica e demissões no Estado

Ayrton Maciel
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Ayrton Maciel
Publicado em 11/09/2015 às 6:00
Jarbas Araújo/Alepe
Defesa de saída da presidente ocorreu em audiência, na Alepe, sobre crise econômica e demissões no Estado - FOTO: Jarbas Araújo/Alepe
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Em auditório esvaziado, com a presença de apenas dois deputados do PSB e na ausência do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do País e ligada ao PT, a Assembleia Legislativa realizou audiência pública, ontem, para discutir paralisações e atrasos de obras federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Pernambuco, que acabou como tribuna política contra o governo Dilma Rousseff (PT) e de defesa do impeachment.

Sindicatos patronais e de trabalhadores que atuam em Suape cobraram a liberação de recursos para retomada de obras e chamaram às ruas os movimento sociais e sindicais para pressionar pela queda do governo. Sem apresentar dados, as entidades prometeram enviar posteriormente números sobre demissão e desemprego em seus segmentos.

Convocada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Alepe, a audiência deveria coletar números de demissões e de índices de desemprego, percentuais de execução das obras e recursos necessários para a conclusão – dados que respaldariam relatório a ser enviado às bancadas de Pernambuco no Congresso Nacional e aos governos do Estado e União -, mas acabou restrita à responsabilização de Dilma pela crise econômica e consequências no Estado: aumento do desemprego, fechamento de empresas e queda do crescimento.

Sindicatos patronais e de trabalhadores, em tom de oposição ao governo do PT, queixaram-se do desmonte e desmobilização das empresas com paralisações de obras e atrasos de obras e pagamentos da Refinaria Abreu e Lima e projetos do PAC.

Ex-aliados, a audiência revelou o distanciamento entre PSB e PT desde o rompimento de 2013, quando os socialistas deixaram o governo Dilma e os petistas saíra com muita resistência da gestão do ex-governador e depois presidenciável Eduardo Campos. Sem a presença do PT, PTB ou qualquer partido da base nacional de Dilma, apenas os deputados Aluísio Lessa (PSB), presidente da Comissão, e Lucas Ramos (PSB), vice-líder do governo Paulo Câmara (PSB), participaram da audiência com dirigentes sindicais e de centrais opositoras do governo.

“A CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos (petista) foram convidados, mas não vieram. Vamos aguardar os números (das entidades presentes) do desemprego, confrontar com os que temos e colocar no relatório, mostrando a situação no Estado”, minimizou as ausências o deputado Aluísio Lessa.

Executivo do Sindicato das Empresas de Fretamento de Ônibus, Edmundo Morais revelou existir “um cemitério de ônibus” que transportavam operários, depois da desmobilização da Petrobras na Refinaria Abreu e Lima, porém, ponderou que a entidade defende o impeachment de Dilma dentro das regras da legalidade. “Não dá mais para ser passivo e calado. As empresas investiram muito na compra de ônibus para Suape e as refinarias de Fortaleza e São Luiza (desmobilizadas), mas não queremos crise institucional. Se houver ruptura, que seja por renúncia ou impeachment”, ponderou. 

Diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Jaboatão dos Guararapes, Zona da Mata e Litoral Sul (o Bate Estaca), José Luiz Cavalcanti definiu os reflexos da crise econômica como “o pior momento sindical da história do País” e pediu a queda do governo. “Não se pode esperar nada desse governo. Foi o que mais tirou direitos dos trabalhadores. Temos que convocar a sociedade a tomar uma providência de emergência”, defendeu Cavalcanti.

A audiência pública foi um rosário de queixas e lamentações, sem nenhuma defesa das medidas de ajuste fiscal e corte de despesas pelo governo federal. “Suape chegou a ter 70 mil trabalhadores na refinaria. Hoje são 1,5 mil. O movimento sindical está engessado. Já chamei para sair às ruas, ir a Brasília e cercar aquele Planalto”, avaliou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Estradas, Aldo Amaral. “Não vamos esperar muito do poder público. Vamos nos unir e ir às ruas”, pediu o diretor da Força Sindical, Rinaldo Júnior. O encontro atraiu ainda dirigentes da Fetape, CTB e UGT, Movimento Popular Socialista (MPS, braço social do PSB).

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