É consenso entre conselheiros ouvidos pelo JC que o maior desafio a ser enfrentado pelo colegiado do Plano Recife 500 anos é ser mais do que apenas um espaço de consulta ou ter um caráter meramente figurativo. A preocupação é atuar de forma efetiva nos destinos da cidade. "Não pode ser só como um modelo de audiências públicas", afirma Roberto Montezuma.
Outro obstáculo a ser encarado é a questão da representatividade. Os membros do conselho avaliam que para dar certo o projeto tem que ir além de uma gestão e ser um projeto de cidade. "Se vai vingar a ideia do plano de longo prazo eu não sei, mas não podemos não tentar. Se não já é condenar a cidade a ser tão ruim como milhares de outras mundo afora. É preciso um debate civilizado em torno de ideias e conceitos. Se não termina partidarizando e politizando, e a base da discussão são projetos técnicos, consistentes", observou Francisco Cunha.
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Vera Baroni revela que saiu um pouco decepcionada do primeiro encontro por causa da falta de definições. "Como incluir o restante da cidade? Falta perspectiva", apontou. "É um conselho que não sabemos qual a natureza. Se é de caráter consultivo ou deliberativo", explicou.
Diretor da Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries), Guilherme Cavalcanti está a frente do plano e defende que o desafio maior é fazer com que a sociedade se sinta parte do conselho. "Acredito que chegamos a um momento em que a sociedade não abre mão de participar do que é essencial para sua vida e temos cada vez mais atores fazendo parte disso", explica.
Quanto à escolha dos conselheiros, Cavalcanti explica que perseguiu uma mistura ampla. "O que buscamos são lideranças mais diversos da cidade, desde o líder da movimento popular até os donos de construtoras", disse.
A iniciativa ainda prevê a fundação de um instrumento de governança para garantir que o projeto seja mantido em futuras gestões e a criação de espaços para testar a viabilidade de ideias para o futuro. O resultado final do plano deve ser apresentado no início do segundo semestre de 2016. A cada próximo encontro, o grupo discutirá uma etapa do plano, sendo elas: visão de futuro e aprofundamento da estratégia, projetos, investimentos e diretrizes para o plano de futuro da cidade, consolidação do plano e modelo de governança. "Não é o desafio do prefeito, é o desafio da cidade", crava o coordenador da iniciativa. (M.B.)