Há três anos, o PT no Recife enfrentava uma dura derrota nas urnas, que expôs a fragmentação da legenda na capital - considerada vitrine política da sigla. Em 2013, o partido buscou a reestruturação com o Processo de Eleições Diretas (PED), que culminou com a escolha da nova presidência estadual. Porém, o momento mais crítico está por vir. O desafio nas urnas em 2016 deve ser um dos mais difíceis para a legenda.
Enfrentando a pior crise política e de credibilidade de sua história, que começou com o mensalão e se estende até hoje com as investigações da Operação Lava Jato, o partido corre o risco de reduzir drasticamente o número de municípios sob seu comando no Estado. Esta semana, a prisão do senador petista Delcídio Amaral, líder do governo, aprofundou ainda mais a crise do PT.
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Cientes da missão, caciques do partido no Estado agem internamente para mapear potenciais candidaturas. Fugindo de holofotes, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) roda o Estado com plenárias. Atualmente, oito prefeituras estão sob administração petista. "Vamos priorizar os municípios governados pelo partido, mirar em alguns do interior e teremos um olhar específico para a Região Metropolitana do Recife", afirmou Teresa Leitão, presidente estadual do PT. Quanto à crise de imagem, o vice-presidente da sigla, Bruno Ribeiro, defende que o desgaste não é enfrentado só pelo PT, mas pela classe política no Brasil.
Mesmo com o cenário adverso, o PT deve caminhar pela candidatura própria na capital, embora o partido tenha perdido todas as cadeiras na Câmara Federal nas eleições de 2014. O presidente do PT no Recife, Oscar Barreto, adota cautela e diz que é preciso vencer uma agenda por vez. "Vivemos um momento rico da disputa, apesar de alguns acharem que estamos vivendo uma disputa adversa", reflete.
Do ponto de vista programático, o partido destaca a necessidade de retornar às origens, da militância de rua. Lideranças apontam que, caso seja aprovado o financiamento público de campanha, será uma bandeira histórica defendida pelo PT que poderá ser usada nas campanhas. "Estamos num período em que o debate com a comunidade está empobrecido em razão do fornecimento de dinheiro para propaganda, TV, marketing. A ideia é que o marqueteiro perca espaço e o político ganhe", avalia um dirigente.
Para o ex-prefeito João Paulo, um dos nomes cotados para a disputa no Recife, a eleição de 2016 será uma das mais duras desde a redemocratização. "Será difícil para quem está na oposição e para governistas, porque a maioria dos prefeitos do Brasil estão com avaliações baixíssimas, inclusive pelas dificuldades econômicas e os cortes", afirma. Segundo ele, o pleito de 2016 deve ter elevada abstenção. Outros quadros do partido se movimentam para empinar candidatura, como Mozart Sales e Fernando Ferro.