eleições 2016

Com menos dinheiro, campanhas devem apostar nas redes sociais em 2016

Campanhas mais curta e mais barata deve favorecer contato digital com os eleitores

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 27/03/2016 às 7:00
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Mais baratas, mais curtas e com novas restrições em relação às propagandas de rua, as campanhas eleitorais desse ano devem aproveitar as redes sociais para tentar se aproximar do eleitorado. “A gente tem tido uma experimentação desse calor das redes sociais nessas manifestações que têm acontecido desde 2013. E em 2014, a gente já teve uma penetração bastante grande nas campanhas, mas ainda como parte de um projeto bastante diversificado. Esse ano, não. Com o encurtamento do tempo de campanha e com as restrições de financiamento, esse vai ser o ano das redes sociais”, aposta o publicitário Daniel da Hora, professor da Aeso/Barros Melo.

Diretor da Paradox Zero, uma agência de estratégias digitais localizada no Recife, Paulo Rebêlo diz que o aumento da participação das redes sociais a cada nova eleição é uma tendência. “O principal é conseguir integrar uma boa estratégia nas redes e fora delas. Poucas campanhas conseguem fazer isso. Criam duas entidades completamente diferentes, como se as pessoas nas redes sociais fossem diferente das pessoas nas ruas”, alerta.

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Uso das redes sociais nas eleições

Para os especialistas ouvidos pelo JC, o Facebook será uma das principais ferramentas, por ser uma rede social mais completa, que permite textos, fotos e vídeo. Cada uma das mídias sociais, porém, deve ser usada com uma função específica. Uma das apostas para 2016 é o Snapchat, aplicativo que permite a troca de mensagens e conteúdo multimídia entre seguidores que tem ganho terreno com o público mais jovem e para onde várias celebridades têm migrado.

“A grande questão é a gente ter a noção de que tipo de candidato a gente tem, que tipo de candidaturas elas são, e aí você começa a identificar exatamente quais são as plataformas mais adequadas para um e para outro”, diz Daniel da Hora. “Tem candidatos que simplesmente não têm aderência com certas plataformas. E tem outros candidatos que são mais jovens ou mais descolados. Você precisa ver o público de cada uma delas também”, argumenta.

Um dos desafios é o What’sApp. Muito popular, o aplicativo de troca de mensagens foi usado para disseminar ofensas e calúnias nas campanhas de 2014. “Estragos grandes podem ser feitos. Se determinados boatos ganharem força perto do dia da eleição, pode não haver espaço para contra-atacar e esclarecer determinadas difamações”, alerta o professor Camilo Aggio, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital e Governo Eletrônico da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

“O que as campanhas precisam fazer em relação ao What’sApp é justamente monitorar. Inclusive criar canais para que os seus apoiadores fiquem atentos àquilo o que recebem e encaminhem para a campanha, para que ela esclareça eventuais boatos e tentativas de difamação”, adverte.

Outro ponto importante para as campanhas é entender que, ao contrário dos meios tradicionais como o rádio e a TV, as redes sociais permitem um debate maior com os eleitores, o que deixa os candidatos abertos a críticas e questionamentos. “A comunicação digital tem riscos a serem corridos. Os candidatos não devem se comportar como uma mensagem unidirecional. Em determinados momentos eles vão ter que mostrar algumas posições ou explicar determinados pontos da campanha. E isso é um grande ganho para a cidadania”, afirma Aggio.

Para Rebêlo, os políticos precisam lembrar que ferramentas como Facebook e Twitter são apenas plataformas. “Elas facilitam que a mensagem chegue a mais gente do que qualquer outra mídia. Ou seja, ajuda a influenciar, mas a influência real está na boa comunicação e estratégia política”, lembra.

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