Moradia

Governo revoga decreto que determinava a desapropriação de casas vizinhas ao Complexo do Curado

Governador tomou a decisão apenas um dia depois de ser alvo de um protesto de moradores do local no Aeroporto do Recife

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 27/07/2016 às 18:20
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Governador tomou a decisão apenas um dia depois de ser alvo de um protesto de moradores do local no Aeroporto do Recife - FOTO: Divulgação
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O governador Paulo Câmara (PSB) decidiu, nesta quarta-feira (27), revogar o decreto assinado por ele em abril deste ano que determinava a desapropriação de cerca de 50 residências no entorno do Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. Os imóveis estão situados nas ruas Santana de Ipanema, Maria de Luders da Silva e parte da Oferu do Carnaval e seriam retirados sob a justificativa de que abririam espaço para ampliar a segurança no entorno do presídio.

A decisão foi tomada após reunião com o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e um dia depois do governador ser alvo de um protesto dos moradores  no Aeroporto do Recife. A manifestação ocorreu quando o socialista cumpria agenda no terminal de passageiros, acompanhando o embarque de alunos da rede estadual que participam do Programa Ganhe o Mundo.

"Chegamos a este momento com diálogo, que foi fundamental para a gente encontrar uma solução que atenda ao interesse de todos. E vamos construir os próximos passos em conjunto. Tudo o que pactuamos nestes 90 dias foi cumprido", declarou Paulo Câmara, que posou para uma foto segurando um cartaz com os dizeres: "SomosTodosPeloSancho".

GovernadorFoto

 

O governador também afirmou que a revogação visa reforçar que toda e qualquer intervenção que venha ser feita no local será previamente trabalhada com os integrantes desta comissão. Ele criou uma comissão paritária composta de integrantes do Governo do Estado, Prefeitura do Recife e moradores para discutir os próximos encaminhamentos.

A revogação do decreto é alvo de um cabo de guerra entre o governo e integrantes do grupo que realizou o protesto no aeroporto. Na avaliação de alguns moradores do Sancho só houve a decisão do governo após a manifestação realizada na última terça-feira, mas de acordo com os governistas o acordo vinha sendo construído nos últimos meses. 

Interlocutores do governador também apontaram motivação política no protesto realizado no aeroporto. Entre os manifestantes, estava Severino Souto Alves. Ligado ao Sindicato dos Trabalhadores Ambulantes do Comércio Informal do Recife (Sintraci), ele estava no local da manifestação e será candidato a vereador do Recife pelo PSOL.

Biu do Sintraci, como é conhecido, conversou com reportagem do JC nesta quarta-feira e negou que tenha participado do protesto no aeroporto com interesses eleitoreiro.

"O fato de estar no aeroporto não significa ter motivação eleitoreira e não descaracteriza minha militância popular. Essa é uma luta da comunidade do Sancho que eu apoio, assim como apoio intervenções de movimentos populares em outras cidades. Na próxima semana, estarei em um ato na Muribeca, em Jaboatão. Milito pelas causas populares desde os 16 anos", disse.

PROTESTO NO AEROPORTO

Durante o protesto no aeroporto, integrantes da associação de moradores do Sancho receberam o chefe do executivo estadual com palavras de ordem como "o Recife vai parar" e o chamaram de "fuleiro". Esta não foi a primeira manifestação contra as desapropriações realizada pelo grupo.

Mesmo visivelmente incomodado com o protesto, principalmente por ter ouvido gritos de "governador fuleiro" e "capacho de empreiteiro", Paulo Câmara tentou dialogar com dois integrantes do grupo presente ao aeroporto, mas não obteve sucesso.

Na ocasião, uma das manifestantes, que se identificou como Suely Gomes, afirmou que não estava havendo diálogo do governo estadual com os moradores do Sancho. A gestão Paulo Câmara rebateu a declaração e voltou a contestar a informação nesta quarta-feira ao declarar que "na manhã da segunda-feira (18) , representantes da gestão estiveram no Sancho garantindo aos moradores que uma solução positiva seria apresentada esta semana".

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