HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES NO RECIFE

Últimos prefeitos biônicos do Recife buscam legitimidade com o povo

No caminho para a abertura, Gustavo Krause e Joaquim Francisco buscam diálogo com a sociedade

Marcela Balbino e Paulo Veras
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Marcela Balbino e Paulo Veras
Publicado em 17/08/2016 às 7:30
Foto: Arquivo JC Imagem
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“Não há possibilidade de você ter uma gestão eficiente se você não estiver articulado com as forças sociais; se não tiver o consentimento dos cidadãos para as medidas que são tomadas”, diz Gustavo Krause, prefeito do Recife entre 1979 e 1982. No final da década de 1970, o Brasil respirava a abertura “lenta, gradual e segura” do general Ernesto Geisel. Comitês pela anistia se espalhavam pelo País às vésperas da eleição de João Figueiredo, o último presidente militar. Em Pernambuco, o moderado Marco Maciel assumia o Palácio do Campo das Princesas. No mesmo ano, Miguel Arraes retornava do exílio na África. Sentindo o peso da história, os últimos prefeitos biônicos do Recife foram buscar nas ruas a legitimidade para atuar como líderes políticos de uma cidade em transformação.

“Como eu não tinha legitimidade na origem, eu era um prefeito nomeado, eu fui buscar a legitimidade nas ruas”, lembra Krause. “Eu vinha disso. Nos jornais, me chamavam de biônico, mas quando as pessoas chegavam perto de mim, eu falava a língua delas. Meu primeiro comício foi aos 45 dias de vida, na praça de Macaparana. Minha mãe me levou numa cesta”, crava Joaquim Francisco, que geriu a cidade entre 1983 e 1986. Apesar de chegarem ao cargo por indicação, ambos venceram eleições pelo voto nos anos seguintes.

Muito mais do que uma mudança de posicionamento político, o período marcou também uma virada na gestão do município, que se modernizou. Até os anos 1970, a estrutura administrativa da prefeitura ainda era precária. À Secretaria de Saúde, que ficava na Rua do Pombal, não eram atribuídas apenas funções de saúde pública, como a gestão de postos de saúde e emergências, mas incluía também serviços como desratizar, recolher “animais vadios”, como cachorros e cavalos; cuidar dos cemitérios públicos e manter os postos de salva-vidas nas praias. Questões fundamentais como vacinação e maternidade, porém, eram vistas como responsabilidade de outras esferas de poder.

O caso da educação era mais singular. Desde 1964, o Movimento de Cultura Popular havia sido transformado na Fundação Guararapes, órgão de perfil pedagógico responsável por coordenar as 174 escolas primárias do Recife. “A Fundação Guararapes era uma coisa absolutamente inacreditável, uma excrescência. As pessoas não tinham vínculo, não tinham carteira assinada”, lembra Krause.

Era preciso uma mudança de paradigma. A política da época via a administração do Recife como uma ação “cosmética” – de varrição e cuidado das praças e espaços públicos – e rodoviária – com a abertura de ruas e avenidas. A virada da década marca também a busca por incluir o planejamento urbano na agenda diária do prefeito. Mas não sem uma forte resistência da burocracia estatal, resistente às mudanças. Foi preciso trazer técnicos para o serviço público e para o próprio secretariado.

“A gestão cresceu bastante nesse período. Ampliaram-se certas áreas, houve um maior direcionamento. O Conselho de Desenvolvimento Urbano já existia. O número de funcionários era bem menor, a população não era tão menor. Quando fui prefeito a primeira vez, o Recife já tinha 1,3 milhão de habitantes. Era uma cidade que crescia para Olinda e para Jaboatão. Sempre tinha que pensar Recife de forma metropolitana, uma cidade ‘conurbada’”, argumenta Joaquim Francisco.

Foto: Arquivo JC Imagem
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