ALEPE

'Frouxo' vs 'chantagem': governo e oposição batem boca na Alepe

Discussão sobre violência na véspera do Carnaval virou briga entre governo e oposição no Legislativo

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 20/02/2017 às 20:00
Foto: Henrique Genecy/Alepe
Discussão sobre violência na véspera do Carnaval virou briga entre governo e oposição no Legislativo - FOTO: Foto: Henrique Genecy/Alepe
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A pretexto de tratar da segurança pública, governo e oposição voltaram a bater-boca em nível pouco decoroso na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta segunda-feira (20). Mais uma vez, o deputado "rebelde" Álvaro Porto (PSD) só pode discursar no tempo reservado a oposição. Enquanto criticava a atuação do governador Paulo Câmara (PSB) para reduzir a violência às vésperas do Carnaval, Porto saiu do discurso escrito e atacou pesado. "O governo precisa deixar de ser frouxo e tomar conta da segurança em Pernambuco", atiçou.

Quase que numa reação em cadeia, o discurso virou uma queda de braços que durou 1h30 no plenário. Representante dos policiais militares no Legislativo, Joel da Harpa (PTN) criticou a "irresponsabilidade do secretário de Defesa Social quando vai aos jornais dizer que a população não se preocupe, que está tudo Gioia".

Foi a deixa para o líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB), entrar no circuito. Ele disse que há na oposição quem se perca no afã da disputa política e discursa com a tônica de quem busca utilizar o movimento para outra lógica. Depois, mirou em Joel, cobrando responsabilidade pelo discurso de que a categoria dos PMs podia não se esforçar no Carnaval.

'CHANTAGEM'

Ainda no tom mais duro, Isaltino criticou "aqueles que fazem discurso fácil, apostando no quanto pior, melhor". "Quem veio aqui pregar o caos, sabe que entre a fala e a realidade de fora, é o contrário. Então se vem fazer chantagem. Alguns que estão perdendo a perspectiva de poder", argumentou.

O líder do governo acusou as associações de PM de manupularem uma base política. Disse que o governador Paulo Câmara tem colocado a política no prumo e que quem não cumprir, será punido. Também disse que nesse processo haverá "chiadeira" e "esperneios". "Muitos se locupletam com a perspectiva de falta de segurança", cravou.

'CARAPUÇA'

Incomodada, a deputada Socorro Pimentel (PSL) cobrou que Isaltino também respeitasse a oposição ao discursar, porque ela não estava ali para fazer discursos fáceis e nem para aparecer para a imprensa. "Se a carapuça caiu em vossa excelência, eu não posso fazer nada", reagiu Isaltino, de bate-pronto. Do plenário, a oposição começou a gritar por respeito. A própria parlamentar, irritada, disse que não aceitaria grosseria.

Em apoio a Isaltino, Lucas Ramos (PSB) afirmou que há na oposição quem atente contra a ordem pública. Zé Maurício (PP) disse que o respeito tem que ser na hora que a pessoa ocupa a tribuna para chamar o governador de "frouxo".

'À PROVA DE BALAS'

Inscrito para falar sobre o Fundo Estadual de Apoio aos Municípios, o líder da oposição Silvio Costa Filho (PRB) mudou de tema para reclamar da estratégia do governo para "justificar o injustificável". Disse que Socorro não é "mulher de usar carapuça". E, numa provocação a Isaltino, lembrou que o parlamentar foi um dos oposicionistas a entrar no plenário da Alepe usando um colete à prova de balas durante o governo Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Outros oposicionistas se juntaram às críticas. Teresa Leitão (PT) disse não ser a primeira vez que os oposicionistas são alvo de piadas e chacotas e que não estava ali para "levar carão". Joel se queixou da tentativa de joga-lo contra a opinião pública, garantiu que nunca foi dirigente de associação e que nunca recebeu R$ 1 das mesmas. E Álvaro disse que não adianta ir com truculência e "tentar agredir deputada" porque não iria calar a boca dele.

'ARRASTÃO NORMAL'

Silvio, que fez questão de afirmar que a oposição tem tratado o assunto da forma mais séria, disse ainda que o governo erra em não chamar a Força Nacional de Segurança para atuar nos grandes eventos do Carnaval. Ex-líder do governo, Waldemar Borges (PSB) disse ver incoerência na fala porque a oposição criticou a necessidade de convocar a mesma Força Nacional no final do ano passado. O líder da oposição rebateu que incoerente tem sido a condução do Pacto Pela Vida.

Último orador inscrito, o deputado Ricardo Costa (PMDB), vice-líder do governo, destacou a atuação da PM durante as prévias em Olinda no final de semana. "Teve um arrastão aqui, outro ali. Nada que não seja normal num lugar onde tem muita gente", afirmou. Em aparte, Priscila Krause (DEM) criticou a estratégia do governo de tentar desqualificar os que não seguem a cartilha do Palácio do Campo das Princesas.

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