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Anúncio de fábrica de recombinante não garante pleno funcionamento da Hemobrás

Ministério da Saúde afirmou que a negociação para o fracionamento de plasma ainda está indefinido

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 16/08/2017 às 6:04
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Ministério da Saúde afirmou que a negociação para o fracionamento de plasma ainda está indefinido - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O ministério da Saúde anunciou, nessa terça (15), a decisão de manter a construção de uma fábrica do fator recombinante VIII, um dos principais medicamentos no tratamento da hemofilia, no polo da Hemobrás em Goiana, na Mata Norte. O ato põe, em parte, panos quentes na celeuma que envolveu a empresa de hemoderivados nas últimas semanas. Apesar de ter sido bastante comemorado pela classe política, não encerra a discussão sobre a plena atividade do polo farmacoquímico planejado para Pernambuco, que incluía também uma unidade de fracionamento de plasma. Na mesma em nota em que o ministério da Saúde confirmou o empreendimento, a pasta deixa em aberto a unidade de fracionamento de plasma, planta que está 70% concluída em Goiana.

O anúncio veio após a reunião do titular da Saúde, Ricardo Barros, com o presidente Michel Temer (PMDB) e os quatro ministros pernambucanos - Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e Raul Jungmann (Defesa). A decisão política de Temer de manter a fábrica em Pernambuco foi abordada pelo JC na semana passada.

A decisão do governo federal veio após forte pressão da bancada pernambucana, que ontem lançou uma Frente Parlamentar. Na prática, inverte a preferência do ministro Ricardo Barros, que era de terminar a fábrica de fracionamento de plasma em Goiana e fazer uma fábrica de recombinante no seu reduto eleitoral, em Maringá (PR).

O ministro queria levar para o seu Estado a parte mais representativa e lucrativa dos hemoderivados, deixando a produção mais volumosa, porém com menor valor agregado, em Pernambuco. Ontem, ao receber parlamentares pernambucanos no início da noite, Barros não deixou claro que a produção do recombinante será exclusiva de Pernambuco. “Ele disse que há o compromisso de Pernambuco ter a sua fábrica de recombinante VIII, mas não disse de ser exclusivo. Não há, de forma alguma, mercado para duas fábricas, porque não há mercado para isso tudo. Só tem um comprador, que é o Ministério da Saúde. Essa briga ainda não acabou, ela vai continuar”, disse o líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE).

Também não apontou uma definição para a conclusão da fábrica de fracionamento de plasma. “Ele disse que vai analisar as propostas já expostas. Inclusive, entrou uma nova empresa suíça. Para tudo que está aí há solução, só não tem solução para a má vontade e para o desejo que ele tem de levar (uma fábrica) para o Paraná”, acrescentou Humberto. A nota divulgada ontem pela pasta afirma que “A conclusão de fábrica para fracionamento de plasma humano, que está inacabada no complexo de Goiana (PE) e que também requer investimento privado, será objeto de outra negociação”.

PROPOSTAS

Basicamente, existem duas propostas já expostas. A primeira, defendida por Barros, é da Octopharma, que apresentou um investimento de US$ 200 milhões na construção de uma nova fábrica de recombinante em Maringá e a conclusão da unidade de fracionamento em Goiana por outros US$ 250 milhões. A segunda proposta é da irlandesa Shire, que quer investir US$ 250 milhões na conclusão da unidade de fracionamento aqui.

Na semana passada, foi forte a troca de farpas entre parlamentares pernambucanos e o ministro da Saúde. Em audiência pública na Assembleia Legislativa, Humberto Costa afirmou que o Ricardo Barros queria “fazer os pernambucanos de idiotas” ao tirar parte da produção da Hemobrás. Em entrevista à Rádio Jornal, Barros afirmou que a fábrica pernambucana não passava de um “esqueleto” e acusou a bancada estadual de estar tratado o caso com “bairrismo”. Na mesma entrevista, Barros acusou os governos do PT, de Lula e Dilma, de não terem concluído a planta e afirmou que tinha “a solução para a Hemobrás”.

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