JUSTIÇA

Juízes temem que ações contra salários sejam retaliação ao Judiciário

Câmara e CNJ trabalham para dar fim aos 'supersalários' no Judiciário

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 03/09/2017 às 8:35
Foto; Rinaldo Marques/Alepe
Câmara e CNJ trabalham para dar fim aos 'supersalários' no Judiciário - FOTO: Foto; Rinaldo Marques/Alepe
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Presidente da Associação dos Magistrados de Pernambuco (Amepe), o juiz Emanuel Bonfim diz que é salutar qualquer movimento pela transparência da remuneração de servidores públicos, mas se diz preocupado com a possibilidade de uma campanha contra o Judiciário e o Ministério Público, no momento em que essas duas instituições estão a frente de uma grande operação contra a corrupção que atinge dezenas de políticos e grandes empresários.

“Não pode parecer que essa comissão seja uma forma de retaliação para desmantelar a estrutura do Judiciário e do Ministério Público que, hoje em dia, está dando exemplo combatendo a corrupção no País. A gente percebe um movimento exatamente como aconteceu na Itália, com as Mãos Limpas. Quando ela atingiu uma gama muito grande de poderosos, tanto na esfera política, quanto financeira e econômica, se começou uma campanha contra o Judiciário italiano, e a gente sabe como essa história terminou. A Mãos Limpas foi boicotada, retaliada e surgiu uma ‘operação abafa’ mesmo. A gente não quer que no Brasil aconteça isso”, ressalta.

'DISCUSSÃO RESPONSÁVEL'

Bonfim também se diz preocupado com a divulgação isolada de contra-cheques de juízes, alertando que ganhos como décimo terceiro salário e abono de férias podem inflar rendimentos em um mês específico. “Essa discussão vem em boa hora. É necessária. Mas ela precisa ser feita de maneira responsável”, diz.

“Tem parcelas que precisam ficar fora (do cálculo do teto). E outras que devem ser extintas mesmo porque não se justifica seu recebimento. Por exemplo, existem servidores públicos que, pela natureza do cargo, precisam ter ensino superior, e tem uma gratificação lá por ensino superior. Isso é incompatível e injustificável” ressalta ainda.

O Jornal do Commercio tentou ouvir a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), que não quis se posicionar sobre o assunto até o fechamento desta edição.

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