Descaso

MPPE irá investigar descaso em UPAs no Ibura

Uma das unidades, prometida para 2015, encontra-se apenas com as fundações e sem qualquer avanço de construção

Vinícius Sales
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Vinícius Sales
Publicado em 18/04/2018 às 8:00
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Uma das unidades, prometida para 2015, encontra-se apenas com as fundações e sem qualquer avanço de construção - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) irá investigar a paralisação da construção da Unidade de Pronto Atendimento Especialidades (UPA-E),no Bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. A ação foi provocada por denúncias feitas à instituição, que incluíram também queixas sobre a precarização da Unidade de Saúde da Família (USF) Rio da Prata, localizada no mesmo bairro.

O projeto da UPA-E deveria ter sido iniciado em 2013 e concluído em 2015. A unidade da Avenida Dois Rios contaria com 130 médicos de diversas especialidades, um centro de atendimento ao idoso e um ginásio de fisioterapia. A previsão era que o equipamento realizasse 45 mil consultas e 102 mil exames.

A obra foi orçada em R$ 16 milhões, sendo R$ 8 milhões destinados à construção do imóvel. Dessa parcela, apenas R$ 3 milhões foram usados para drenagem, terraplenagem , limpeza do terreno e construção inicial da fundação. “Eu perdi meu marido por conta da urina dos ratos. Se essa UPA estivesse construída, ele poderia ter sido salvo”, diz uma moradora do Ibura que sofre com a falta da unidade. Preferindo não se identificar, ela reclama o descaso do poder público para com saúde da população local.

Segundo denúncias, o terreno se encontrava apenas com as fundações, sem qualquer sinal de avanço. Destruído pelo tempo e pela população, o muro de contenção foi parcialmente derrubado e o capim cresceu por toda parte. Como se não bastasse, o local, que pertence ao poder público, agora é usado como curral para cabras, cavalos e porcos.

Passados três anos do prazo final de entrega, o JC visitou a localidade na última sexta-feira (13) e constatou a paralisação da obra. “Ta aí: a criação de porcos e o terreno abandonado. Isso aqui é esquecido. Até rato já entrou no meu comércio. Nós pagamos nossos impostos e para quê? Para nada! Se construíssem a UPA, ajudaria a população com certeza”, afirma a comerciante Patrícia Medeiros. Outra moradora reclama do cheiro gerado pelos animais e o esgoto que corre a céu aberto. “Há quase um ano, os animais começaram a aparecer. Antigamente não tinha rato, mas agora são muitos”, afirma a dona de casa Betânia Medeiros. A reclamação da falta de saneamento virou uma constante entre os moradores da região.

“Fomos chamados pela população para ver a obra em atraso. Eu já tinha visto o orçamento da cidade e chequei que mais de R$ 3 milhões tinham sido investidos. Quando cheguei ao local, e observei o terreno vazio e o tomado pelo mato, me chamou a atenção. A obra fica em uma das principais vias, que é a Dois Rios. Esse dinheiro foi jogado pelo ralo, não irá mais voltar.”, afirmou o vereador Rinaldo Júnior (PRF), autor da denúncia no MPPE.

RESPOSTA

Em nota a Prefeitura do Recife justifica que a obra foi paralisada devido á insuficiência financeira por parte da empresa contratada.”Com o destrato contratual, a Prefeitura do Recife precisará fazer nova licitação e trabalha na captação de recursos para conclusão da obra.Importante salientar que trata-se de uma obra que prevê uma grande ordem investimento e com os recursos escassos, em função de uma crise econômica, o trabalho tem sido árduo no sentido de assegurar o orçamento necessário para esta que é uma unidade de saúde de suma importância para a população.”

A Secretaria de Projetos Especiais, responsável pela condução das obras, informou que irá enviar uma equipe técnica para avaliar a situação do muro de contenção e tomará as devidas providências. A Jacil Empreendimentos Ltda, empresa responsável pela obra, foi procurada, porém a reportagem não conseguiu contato.

CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA

A obra de construção da UPA-E Ibura foi paralisada por iniciativa do Executivo Municipal devido à insuficiência financeira por parte da empresa contratada em seguir adiante com a construção da unidade. Com o destrato contratual, a Prefeitura do Recife precisará fazer nova licitação e trabalha na captação de recursos para conclusão da obra.
Importante salientar que trata-se de uma obra que prevê uma grande ordem investimento e com os recursos escassos, em função de uma crise econômica, o trabalho tem sido árduo no sentido de assegurar o orçamento necessário para esta que é uma unidade de saúde de suma importância para a população.
O valor total é de R$ 9.760.556, 40. Desse montante foram executados e pagos R$ 3.239.613,42, referentes aos serviços preliminares de limpeza do terreno, terraplenagem e contenção (muro de arrimo) e fundações (cravação de estacas e execução de blocos de concreto).
Os demais serviços referem-se à cravação de estacas metálicas (também intactas) e blocos de concreto.

Já foram executados levantamentos em campo para atualização do projeto e seu orçamento para licitarmos a sequência da obra, que deverá se dar ainda este ano.

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