Entrevista

No Recife, Kim Kataguiri critica Bolsonaro, Moro, Lula e João Campos

Líder do Movimento Brasil Livre (MBL), o deputado federal foi o entrevistado do Resenha Política, na TV JC

Adige Silva Gabriela Carvalho e Rute Arruda
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Adige Silva
Gabriela Carvalho e Rute Arruda
Publicado em 22/11/2019 às 17:50
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Líder do Movimento Brasil Livre (MBL), o deputado federal foi o entrevistado do Resenha Política, na TV JC - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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No Recife para participar do lançamento do seu livro "Como um grupo de desajustados derrubou a presidente - MBL: a origem", o deputado federal e líder do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri (DEM-SP), esteve no Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), nesta sexta-feira (22). Em entrevista ao Resenha Política, ele disse que a forma de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) governar mais atrapalha a ele mesmo do que ajuda, afirmou que o ministro da Justiça, Sergio Moro, "nem tem mais força pra comandar o ministério", que o ex-presidente Lula (PT) é uma figura de grande periculosidade e, por fim, chamou seu colega de parlamento, o deputado João Campos (PSB-PE), de "despachante de luxo".

Jair Bolsonaro

Um dos assuntos debatidos na entrevista foi sobre qual seria avaliação do deputado sobre o governo Bolsonaro. Segundo Kim, Bolsonaro não era seu “candidato dos sonhos” e que só o apoiou no segundo turno como voto útil.

“Bolsonaro peca no liberalismo político. Ele tenta ter uma hegemonia na direita que não é natural no liberalismo político. Tenta sufocar todas as lideranças de direita que tenham qualquer crítica ao governo, por menor que seja. De maneira muito semelhante com o que o Lula faz na esquerda”, declarou.

Apesar de ter ressalvas quanto ao estilo de política de Bolsonaro, o deputado federal teceu elogios ao governo, principalmente na questão do relacionamento com outros países. “Nós temos, como nunca antes, um bom relacionamento com os outros países para o comércio de frutas, de carne e soja. Até em infraestrutura também. Mesmo sem dinheiro para fazer qualquer investimento, hoje o setor público consegue firmar parcerias público-privadas e executar o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) formulado no governo Temer com muita qualidade agora no governo Bolsonaro, sob a gestão do ministro Tarcísio”.

Sergio Moro

Além de tecer cíticas a Bolsonaro, Kim atacou Sergio Moro. "Parece que nem ele mesmo comanda o próprio ministério. Hoje, a figura do Moro está bastante esvaziada, bastante sem poder na esplanada dos ministérios. A gente não vê ele com influência nas decisões do presidente da República, pelo contrário", criticou o deputado.

De acordo com Kataguiri, o aparelhamento da Polícia Federal, comandado por Moro, pelo governo federal é um exemplo disso. "O que nem o PT fez, o Bolsonaro está fazendo, que é aparelhar as instituições como a Receita Federal e a Polícia Federal, mesmo a caneta estando nas mãos do Sergio Moro", argumentou.

Para o deputado, Bolsonaro nomeou Moro com o objetivo de elevar sua popularidade. "Foi muito mais uma tentativa de (Bolsonaro) amenizar e melhorar sua própria imagem. Foi para falar: 'olha só, como estou nomeando um juiz popular', do que, efetivamente, dá poderes para ele implementar políticas públicas", analisou o deputado.

Lula

O deputado também afirmou que Lula "é a figura de maior periculosidade da política brasileira". Os recentes discursos do petista, após ser solto da sede da Polícia Federal, em Curitiba, pode incitar a parte da população. "O Lula é perigoso no momento que ele insufla sua militância contra as instituições, contra a imprensa, contra o Supremo, contra o parlamento", completou Kim.

Em seguida, o democrata comparou as ações de Lula e Bolsonaro. "Os dois empobrecem o debate público na mesma medida. Um puxando para um lado, outro, para outro. Os dois mantém o debate na mesma superfície, sem a gente debater proposta de País", disse.

João Campos

Por fim, Kim afirmou que o deputado João Campos é uma ‘pessoa agradável’, mas que é um “despachante de luxo no Palácio do Planalto”.

O pernambucano foi criticado por não ter “um debate aprofundado” e se ater a pautas locais. “Eu não vejo nenhuma marca no mandato dele que justifique ele sendo um deputado federal”, disse o parlamentar. Segundo o líder do MBL, João faz a ‘velha política’, como negociação de emendas e reverter recurso na Lei Orçamentária junto às prefeituras. “Eu vejo muito mais essa questão do que o trabalho de um deputado federal, que é fazer leis debater leis, nem que seja para rejeitá-las. Manipulação de orçamento é uma coisa que qualquer deputado de baixo clero faz”, criticou. 

Segundo o deputado, João Campos “não faz mais parte do debate nacional” e não é lembrado pelos outros parlamentares ou questionado. “Ninguém pede a opinião dele por causa de uma posição esvaziada e que voltou seus esforços para repasses do Governo Federal para prefeituras. Para mim, não é trabalho de um parlamentar. É trabalho de um despachante de luxo do Planalto que está aqui para fazer a intermediação entre o prefeito e o ministério”, concluiu o líder do MBL.

Veja o vídeo da entrevista

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