Poucos minutos depois de o apresentador Luciano Huck ter se manifestado nas redes sociais contra a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que fez insinuações com conotação sexual sobre o trabalho da repórter do jornal Folha de S.Paulo, Patrícia Campos Mello, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também criticou o posicionamento do presidente.
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Segundo o socialista, "o Brasil precisa de diálogo e civilidade, não de atitudes grosseiras cada vez piores", disse Paulo.
Em seu post, o governador também saiu em defesa dos jornalistas, alvo constante de Bolsonaro. "Ao agredir a jornalista @camposmello, o presidente atingiu todas as mulheres e uma categoria profissional essencial à democracia no País", completou.
Veja o que disse Paulo Câmara
O Brasil precisa de diálogo e civilidade, não de atitudes grosseiras cada vez piores. Ao agredir a jornalista @camposmello, o presidente atingiu todas as mulheres e uma categoria profissional essencial à democracia no País.
— Paulo Câmara 40 (@PauloCamara40) February 18, 2020
Confira a publicação de Luciano Huck
"Tenho evitado comentar declarações públicas de quem quer que seja. Seja porque torço pelo Brasil, seja porque não quero alimentar fofocas e intrigas. Mas as fronteiras da decência foram ultrapassadas hoje. Triste e revoltante ao mesmo tempo. Respeito é a base de qualquer sociedade e pilar da democracia. Atiçar a violência contra a mulher e atacar o jornalismo independente são desserviços monstruosos. Meu apoio à mulher e jornalista @camposmello", tuitou Luciano Huck.
— Luciano Huck (@LucianoHuck) February 18, 2020
Ofensa contra a jornalista
Na manhã desta terça-feira (18), na saída do Palácio do Planalto, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), fez insinuações sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. "Ela queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim", disse o presidente aos risos.
Ele fez a declaração ao comentar o depoimento de um ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, na CPI das Fake News no Congresso. Na semana passada, Hans River ofendeu a jornalista ao dizer que ela havia se insinuado para ele em troca de uma reportagem sobre o uso de disparos de mensagens na campanha eleitoral. Suas declarações na comissão foram contestadas em mensagens de texto e em áudios divulgados pela Folha. Apesar disso, Bolsonaro endossou a versão.
"Olha, a jornalista da Folha de S.Paulo, tem mais um vídeo dela aí. Não vou falar aqui porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando 'eu sou do PT', certo? O depoimento do Hans River foi no final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele", afirmou o presidente.
Repreensões
Folha de S.Paulo
Em nota nesta terça, a Folha de S.Paulo afirma que "o presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude". "Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência", diz o texto.
Associação Nacional de Jornais (ANJ)
A Associação Nacional de Jornais protestou, em nota. "Contra as lamentáveis declarações do presidente Jair Bolsonaro ao ecoar ofensas contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo". "As insinuações do presidente buscam desqualificar o livre e exercício do jornalismo e confundir a opinião pública. Como infelizmente tem acontecido reiteradas vezes, o presidente se aproveita da presença de uma claque para atacar jornalistas, cujo trabalho é essencial para a sociedade e a preservação da democracia", afirma a entidade.