Opositor ao governo de Jair Bolsonaro, o senador pernambucano Humberto Costa (PT) subiu à tribuna do Senado para criticar a atuação do governo federal durante a greve de policiais militares no Ceará, que chegou ao fim no último domingo (1º). Ele disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, tentou "politizar" a crise de segurança ocorrida naquele estado.
Segundo o parlamentar, Moro "apostou" em uma situação conflitiva, em vez de demonstrar "total solidariedade" ao governador do Ceará. "Ameaçar retirar a Força Nacional na semana passada, com a possibilidade de a população ficar desprotegida diante dos bandidos, é absolutamente inaceitável", disse Humberto.
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Manifestações do dia 15 de março
Humberto Costa ainda afirmou que o presidente da República "tem uma clara tendência ditatorial e fascistóide". O parlamentar criticou Jair Bolsonaro por apoiar as manifestações que foram interpretadas pelos parlamentares como sendo um ataque ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Como este governo não tem um projeto para o país, como não tem uma proposta para nos tirar desse buraco em que está nos colocando, apela para a radicalização contra os Poderes da República, contra os pilares da nossa democracia. Daqui a pouco, vai surgir algum movimento do tipo 'Fecha o Congresso!', 'Fecha o Senado!'", afirmou o petista.
Fim do motim no Ceará
Policiais militares que estavam amotinados durante a paralisação da PM desocuparam os batalhões de Fortaleza e do interior do Ceará nessa segunda-feira (2), após o fim do motim da categoria que durou 13 dias. O acordo que permitiu o fim do motim foi formalizado e assinado no Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e uma comissão permanente vai ser criada para monitorar os processos abertos contra os amotinados e acompanhar reivindicações da categoria que ainda não foram objeto de diálogo. Em pronunciamento em uma rede social, o governador Camilo Santana reafirmou que todos os processos abertos contra pessoas que desrespeitaram as leis durante o motim vão ser conduzidos respeitando o devido processo legal.
Ciro Gomes e Sergio Moro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi ao Twitter rebater críticas do ex-candidato à presidência e ex-governador Ciro Gomes (PDT) sobre o fim do motim da Polícia Militar no Estado do Ceará.
Após o fim do motim, Ciro escreveu, também no Twitter: "Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo!". Já na segunda-feira (2), Moro respondeu afirmando que "a crise no Ceará só foi resolvida pela ação do Governo Federal, Forças Armadas e Força Nacional que protegeram a população e garantiram a segurança".
Ainda de acordo com o ministro, "explorar politicamente o episódio, ofender policiais ou atacá-los fisicamente só atrapalharam. Apesar dos Gomes, a crise foi resolvida", alfinetou. Em outra publicação, Moro comentou que recebeu com felicidade o fim da greve.
Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará.O Gov Federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado.Prevaleceu o bom senso, sem radicalismos. Parabéns a todos
— Sergio Moro (@SF_Moro) March 2, 2020
O irmão de Ciro Gomes, o senador licenciado Cid Gomes, foi baleado durante a manifestação dos policiais do Ceará após usar uma retroescavadeira para tentar entrar em uma batalhão ocupado por militares amotinados em Sobral, no interior do Ceará.
>> Vídeo mostra momento exato em que Cid Gomes é baleado
Após o episódio, Ciro disse que a manifestação dos policiais foi uma "provocação" aos políticos da família Ferreira Gomes. "Ele [Cid Gomes] avisou que ia para lá [Sobral] restaurar a ordem, em paz, desarmado, e tentou tudo, antes daquilo [uso da retroescavadeira], temos a filmagem inteira. Ele levou um soco no rosto. Estava com um megafone, não estava com arma nenhuma", afirmou Ciro.
Na manhã desta segunda, após o fim do motim, Ciro escreveu que ninguém fez mais pela polícia do Ceará que Cid Gomes e Camilo Santana (PT), que é o atual governador do Estado.
Ninguém fez mais pela polícia do Ceará que Cid e Camilo. Assista e compartilhe! pic.twitter.com/QJH1SzhBh1
— Ciro Gomes (@cirogomes) March 2, 2020
JAIR BOLSONARO
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), também se manifestou sobre o episódio e saiu em defesa de Sergio Moro. "Não somos psiquiatras! Parabenizo o Ministro Moro e envolvidos!", escreveu.
Não somos psiquiatras! Parabenizo o Ministro Moro e envolvidos! https://t.co/O0jRLKftWn
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 2, 2020
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