PSIQUIATRIA

Tratado da saúde mental passa por atualização

Próxima edição da obra deve ser publicada em maio de 2013, com novas classificações de diagnóstico

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 13/04/2012 às 11:16
Ronaldo Câmara / Editoria de Artes - JC
Próxima edição da obra deve ser publicada em maio de 2013, com novas classificações de diagnóstico - FOTO: Ronaldo Câmara / Editoria de Artes - JC
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O manual que é referência mundial para diagnóstico e tratamento dos distúrbios mentais é mote da matéria de capa deste domingo (15/4) da revista Arrecifes. Trata-se do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês), que passa por atualizações desde 1952. Está hoje na 4ª versão: o DSM-IV, lançado em 1994 e revisado em 2000.

E a próxima edição (DSM-V), que deve ser publicada em maio do próximo ano, está disponível para consulta pública em site oficial: www.dsm5.org. Entre os pontos que mais geram debates e dúvidas durante a construção dessa enciclopédia que prenuncia os rumos da psiquiatria, está a inserção de novas classificações de diagnóstico.

A depressão, por sinal, que lidera entre as causas de afastamento do trabalho relacionadas ao adoecimento mental, está no rol da atualização dessa bíblia da saúde mental.

De um lado, uma leva de especialistas considera que, usadas com responsabilidade, as novas denominações podem ser úteis para direcionar tratamentos. Sobre isso, o psiquiatra Antonio Peregrino, professor da Universidade de Pernambuco (FCM/UPE), cita como exemplo a depressão. "É um transtorno que pode aparecer de maneiras diferentes em várias fases da vida. E cada uma dessas etapas requerem diagnósticos específicos e condutas terapêuticas singulares. Isso precisa ser considerado na atualização do manual."

Há também um grupo de críticos que não vê com bons olhos mais uma atualização do DSM, pois se acredita que criação de critérios para novos diagnósticos pode trazer à tona uma questionável epidemia de distúrbios psiquiátricos.

Em março, os pesquisadores Fernando Freitas e Paulo Amarante, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Fundação Oswaldo Cruz (Laps/Fiocruz), publicaram artigo que explica por que o DSM-V vem reforçar a tendência à medicalização dos comportamentos humanos da atualidade, ao transformá-los em patológicos em mínimos detalhes.

"Para se ter uma ideia da chamada inflação dos distúrbios considerados objetos da psiquiatria, podemos dizer que eram seis as categorias de diagnóstico psiquiátrico há 50 anos. São mais de 300 atualmente", frisa a dupla. Para saber detalhes do teor deste debate, confira a matéria de capa de Arrecifes deste domingo.

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