Persona

Felipe Calheiros seduzido pela imagem

Conheça mais sobre o diretor de filmes como Zuleno e Até onde a vista alcança

Manuella Antunes
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Manuella Antunes
Publicado em 07/05/2012 às 11:42
Igo Bione/JC Imagem
Conheça mais sobre o diretor de filmes como Zuleno e Até onde a vista alcança - FOTO: Igo Bione/JC Imagem
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“Gosto de discrição. É por isso que é bom fazer filme, porque eles vão e você fica na plateia, observando como o público reage a ele.” Foi com essa frase que o cineasta pernambucano Felipe Peres Calheiros, 30 anos, se definiu. Não é tímido, mas não é dado a exposição exacerbada. Com sorriso calmo, o ex-bancário e atual operador de câmera da TV Universitária fala, nesta conversa com a repórter Manuella Antunes, sobre sua trajetória no cinema, sua relação com Pernambuco e o Recife e suas preferências de lazer.

 

JC – Qual sua formação?
FELIPE PERES CALHEIROS – Me formei em direito e administração e até os 24 anos tinha a ideia de ter uma carreira burocrática. Fui bancário durante cinco anos, mas aí rolou uma virada. Estava insatisfeito e fui procurar algo diferente. Dei aula de português uma época e depois fui fotografar.

JC - E o cinema?
FELIPE – Quando fazia minha monografia sobre cordel, para o curso de direito, paguei uma cadeira de métodos qualitativos e conheci um professor de antropologia que precisava de um fotógrafo. Esse cara trabalhava com quilombos. Em janeiro de 2004, fui com ele pra um deles. E foi lá, quando percebi aquela luz dura e senti o acolhimento do povo, que vi sentido no encontro com a imagem.

JC –Foi lá que surgiu a inspiração para o primeiro filme?
FELIPE – Isso. Passei a fotografar vários quilombos.Até onde a vista alcança surgiu de um convite, em 2005, do quilombo do Riachão de Sambaquim, em Panelas (PE), para fazer fotos de um bingo que arrecadaria grana pras pessoas do lugar conhecer a praia. Vi naquilo uma história. Começo, meio e fim. Levei uma câmera e filmei. O material só ficou pronto em 2007, foi exibido no CinePE 2008 e estreou até na Holanda.

JC – Fale um pouco sobre seu filme mais recente, exibido no CinePE deste ano.
FELIPE –Zuleno é um documentário sobre a vida do pintor Zuleno Pessoa. Foi fruto de três encontros com ele, que faleceu aos 92 anos de idade, no meio do projeto. É uma espécie de vídeo de despedida, apesar de ele não acreditar na morte.

JC – Algum outro projeto?
FELIPE –O site Vurto. Eu e Marcelo Pedroso debatíamos as possibilidades de como dar vazão à inquietude que ronda a gente. A verdade é que, às vezes, o processo de fazer um filme é muito longo para debater os assuntos mais urgentes. Lá no site (www.vurto.com.br) tem material sobre temas na pauta do dia, como mobilidade urbana, marcha da maconha e auxílio-paletó.

JC – E fora o cinema? O que lhe agrada?
FELIPE – Atualmente não tenho vivido muito os espaços públicos do Recife, por causa dos problemas que tão rolando na cidade. Tenho curtido muito estar com os amigos em casa, nas casas deles. Adoro comer bem. Não cozinho nada, mas saio para comer com minha namorada sempre.

JC –Algum cantinho no Recife é especial apra você?
FELIPE– Olha, todo dia almoço no mesmo lugar. Não chega a ser um restaurante. É uma casa. A casa de Hilda. Aqui tem um jardim incrível e sempre encontro amigos, as mesmas pessoas. A gente recriou aquele hábito familiar de almoçar todo mundo junto. E é assim que vamos nos atualizando sobre a vida uns dos outros.

Nota - Na versão impressa da Arrecifes, o nome de Felipe foi publicado erroneamente na entrevista. Aos leitores, nossas desculpas.

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