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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia

Bairros de subúrbio do Recife já contam com 40 lojas dedicadas ao segmento

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 16/06/2012 às 19:47
Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Não são apenas as lanhouses, com suas possibilidades de conexão, inclusive amorosas, as responsáveis pela mudança na geografia socioeconômica nos subúrbios do Recife. Agora, ao lado (ou entre) mercadinhos, feiras, galerias adensadas e igrejas evangélicas em profusão, estão também estabelecimentos antes restritos às principais capitais do mundo, centros depauperados das cidades brasileiras ou a uma ou outra galeria mais discreta num bairro nobre. O comércio de produtos eróticos chegou, com força, à periferia.

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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Comércio de produtos eróticos chega com força à periferia - Foto: Igo Bione/JC Imagem

 

“Antes, sex shop era um ambiente escuro, com cara de promíscuo. Hoje, temos até idosos entre nossos clientes”, diz Daniela Coelho, uma empresária que trocou há quatro anos o emprego numa construtora pela rotina entre lubrificantes, brinquedinhos e próteses penianas. Hoje, ela é uma espécie de imperatriz do mercado erótico no Recife. “Em pouco tempo, sex shop vai ser tão comum quanto farmácia”, preconiza ela, dona de uma loja de produtos eróticos em Camaragibe. Apenas uma entre as que pululam pelos bairros da Região Metropolitana do Recife. São pelo menos 40.

Uma das principais distribuidoras regionais, a empresária alimenta mais da metade das lojas do Recife, além de estabelecimentos em Alagoas e na Paraíba. Comercializa uma cartela de cerca de cem artigos, das mais inocentes canetinhas eróticas para riscar a pele à correntinha de bolas para simular um sadomasoquismo. “Quando eu pedi a distribuição dos produtos, o fabricante exigiu que minha loja não ficasse no Centro. Tinha que ser num bairro mais afastado”, diz ela, que viu rapidamente seu negócio crescer até se tornar a distribuidora que é hoje. “É onde o consumidor está”, conclui.

Antes, sex shop era um ambiente escuro, com cara de promíscuo. Hoje, temos até idosos entre nossos clientes

empresária Daniela Coelho

“Tive medo até de entrar. Depois, vi que era muito natural”, diz Raquel Luz, 32 anos, casada, uma garçonete de cruzeiros e assídua em sex shops. Ela acredita que o uso de utensílios eróticos ameniza o risco de adultérios. “Eu acho que a traição acontece quando a relação cai na mesmice”, defende ela, adepta de géis, óleos de massagens e outros líquidos estimulantes. Recentemente, gostou do chamado vibrador líquido, um gel interno com efeito formigamento.

A Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) diz que o setor aumenta como espinha em rosto de adolescente. O mercado cresceu 18,5% ano passado. Movimentou cerca de R$ 1 bilhão. Em 2011, foram vendidos 72 milhões de itens de um total de nada menos que 12 mil produtos para azeitar a atividade sexual de brasileiros e brasileiras.

É um tipo de consumo ascendente. “Sex shop é mais ou menos como tatuagem. Depois de experimentar uma, a gente fica sempre curiosa para uma próxima vez”, filosofa Raquel, que tem os artigos eróticos como destino fixo para parte de seu orçamento mensal.

mercado cresceu 18,5% ano passado. Movimentou cerca de R$ 1 bilhão. Em 2011, foram vendidos 72 milhões de itens de um total de nada menos que 12 mil produtos

A presença das lojas eróticas nas periferias não deixa de ser reflexo das mudanças socioeconômicas do Brasil. Na última década, 32 milhões de pessoas ascenderam às categorias de classes médias. Hoje, a chamada classe C detém 46,24% do poder de compra nacional. Composta por 93 milhões de pessoas, a baixa classe média brasileira está ávida pelo consumo outrora proibitivo: “As pessoas têm mais dinheiro para gastar com outros itens além daqueles de primeira necessidade”, diz Daniela Coelho.

Segundo a Abeme, dos 7,5 milhões de itens eróticos vendidos mensalmente, cinco milhões são cosméticos sensuais (óleos, gel, cremes estimulantes e massageadores). “As bolinhas são maravilhosas”, diz ela, casada há 15 anos. Cerca de 65% da produção é nacional e, portanto, certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As mulheres são a maioria entre o público que cruza a porta de vidro fosco de uma loja de artigos eróticos. Compram, sobretudo, cosméticos íntimos e lubrificantes. “Com o estresse da vida moderna, as mulheres têm muita dificuldade de lubrificação”, justifica a empresária. Não que os homens não entrem. Entram, mas têm perfil ligeiramente diferente de consumo diferente da mulherada.

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