COMPORTAMENTO

Dia do Orgasmo: alcançar o clímax está entre os pilares da qualidade de vida

Especialistas elencam inúmeros benefícios proporcionados pelo prazer sexual e garantem que uma sessão a dois abre portas para o bem-estar

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 31/07/2012 às 1:47
Priscilla Buhr / JC Imagem
FOTO: Priscilla Buhr / JC Imagem
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As redes sociais ganham hoje movimentação intensa com hashds_matia_palvr e debates que fazem alusão ao Dia Mundial do Orgasmo (31/7), lembrado em várias partes do planeta. A data, que tem mobilizado a internet de uns anos para cá, possui origem curiosa: foi instituída por iniciativa de redes de sex shop inglesas. Assim, o dia foi criado com o objetivo de aquecer as vendas de objetos eróticos, incentivar as discussões sobre o prazer sexual e fechar o cerco ao tabu em torno de um assunto que, garatem os especialistas, é importante para promover a qualidade de vida.

Pois é, o sexo está entre os quatro pilares da qualidade de vida, ao lado da satisfação com o trabalho, a convivência com a família e o lazer. E quem assina essa declaração é a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesse contexto, nunca é demais ressaltar que, para alcançarmos sexualidade plena, não devemos nos envolver pela volúpia a torto e a direito. 

“Fazer sexo por fazer, sem envolver desejos e sentimentos pode ser nada saudável, tampouco prazeroso”, diz a sexóloga e educadora sexual Silvana Melo, delegada da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash). Esse enredo pode prejudicar o passo a passo que leva ao orgasmo, que ainda é a grande caixa-preta dos sexólogos. 

Dados do Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, considerado uma das maiores investigações sobre o tema, revelam que 32,5% das mulheres têm medo de não atingir o orgasmo durante a relação sexual. Entre os homens, esse percentual é de 14,9%. 

Apesar de terem crescido as abordagens sobre prazer sexual em livros, filmes, documentários e programas de televisão, há quem não se sinta à vontade quando o foco se volta para a relação sexual. 

“Embora as transformações ocorridas nos últimos anos tenham levado a mulher a reivindicar o direito ao prazer, há muitas pacientes cuja problemática continua centrada na insatisfação sexual. Há muitas causas que justificam desagrado. Entre elas, está uma educação repressora”, complementa Silvana. 

Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) fazem parte da leva de experts que abraça estudos nesse segmento. No artigo Prevalência de disfunção sexual em dois grupos de mulheres de diferentes níveis socioeconômicos, publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, eles mostram que, embora pese a importância da função sexual para a satisfação e a qualidade de vida, a disfunção sexual continua altamente prevalente, incidindo em 20% a 50% da população feminina. 

Eles também concluíram que a disfunção sexual não tem relação com uma maior ou uma menor renda, nem mesmo com a escolaridade. E foram mais além ao elencar as principais lamentações femininas: falta de desejo (34,65%) e dificuldades para obter o orgasmo (29,3%). 

Mais de 30% das mulheres têm medo de não atingir o orgasmo durante a relação sexual. Entre os homens, esse percentual é de 14,9%

 

Foi a partir dessas queixas que a sexóloga Natasha Janina Valdez resolveu escrever o livro Vitamina O (232 páginas, R$ 29,90), recém-lançado pela Editora Cultrix. Na publicação, ela apresenta ideias que explicam por que o clímax sexual traz benefícios que vão muito além do prazer. E é por isso que a autora batiza o orgasmo como vitamina O. 

Para a especialista, a volúpia melhora a vida amorosa, alivia o estresse e até reduz o risco de doenças cardiovasculares e derrames. “Digo que é uma vitamina por causa de todos os benefícios que esse formigamento mágico nos oferece. Quando você incorpora doses regulares de vitamina O à vida, fica impressionada ao ver como tudo fica melhor”, afirma Natasha na publicação. 

Com quase 20 anos de experiência profissional nesse segmento, ela assegura que já ensinou uma porção de pessoas a ter uma vida sexual satisfatória. “Tenho ajudado milhares de mulheres a ter orgasmos melhores do que jamais sonharam ser possível e com muito mais frequência do que imaginavam”, diz a escritora. No livro, é possível conhecer técnicas e métodos que maximizam a satisfação da mulher. 

O urologista Carlos Bayma também chama atenção para o universo masculino quando assuntos relacionados a orgasmo vêm à tona. “A disfunção orgástica, que também pode acontecer nos homens, é caracterizada pela ausência ou atraso do prazer sexual", frisa. 

"Nessa condição, eles têm desejo e ereção, mas não conseguem ejacular”, acrescenta o médico. Ele alerta que se trata de um problema que merece atenção dos especialistas, assim como as queixas femininas. Além disso, ele afirma que o processo que leva ao orgasmo no homem é três vezes mais rápido do que o caminho que leva ao clímax na mulher. 

É por isso que eles conseguem atingir o prazer em menos tempo do que as parceiras, que têm o mecanismo de resposta sexual desenrolado em fases. A primeira delas é o desejo, definida por fantasias que fazem com que acenda o interesse em participar de uma relação. 

O segundo estágio é a excitação. A fase do orgasmo é basicamente a evolução das duas partes anteriores, resultando num processo de descarga de prazer. Se houver bloqueio em alguma dessas etapas, corre-se o risco de o clímax não ser atingido. 

“Numa relação em que o desejo passa a ser minado pela vergonha de expressar o prazer e de tomar a iniciativa sexual, a dificuldade para se atingir o orgasmo sempre vai existir”, ressalta Silvana Melo. Para essas situações permeadas por uma barreira que bloqueia o clímax, o recomendado é procurar ajuda médica ou psicoterapêutica.

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Mais de 30% das mulheres têm medo de não atingir o orgasmo durante a relação sexual - Priscilla Buhr / JC Imagem
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Experts garantem que a volúpia melhora a vida amorosa e alivia o estresse - Priscilla Buhr / JC Imagem
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Homens com disfunção orgástica têm desejo e ereção, mas não conseguem ejacular - Priscilla Buhr / JC Imagem
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O mecanismo de resposta sexual é desenrolado em fases. A primeira delas é o desejo - Priscilla Buhr / JC Imagem
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Termômetro da saúde considera também a qualidade da vida sexual - Priscilla Buhr / JC Imagem

O QUE SE PENSA SOBRE ORGASMO

Ouvimos a opinião de alguns leitores sobre o assunto. Confira: 

“Acho o orgasmo importante no relacionamento. É, inclusive, um termômetro das relações sexuais. Com tantas cobranças, não sobra espaço para algo que considero importantíssimo: encarar as coisas com mais espontaneidade e, quem sabe, uma dose de bom humor. A proposta que faço é: que tal encarar o orgasmo com naturalidade e deixar certas cobranças de lado?” Hugo Arcoverde, publicitário, 28 anos

“Orgasmo, uma reação natural do nosso corpo, é necessário porque sabemos o quanto ele faz bem biologicamente. Mas acredito que o grande ponto do orgasmo está na satisfação proporcionada. Na vida a dois, o prazer reflete que uma relação em harmonia, em que ambos querem dar prazer e não apenas senti-lo. Essa cumplicidade sexual acaba melhorando o relacionamento em vários pontos.” Bárbara Arruda, estudante de jornalismo, 23 anos

“Para mim, o orgasmo é tão importante quanto o amor e o companheirismo que um casal precisa ter. E para se alcançar o prazer, é muito importante que ambas as partes da relação tenham um diálogo aberto sobre sexo.” Guilherme Cenedezi, consultor de vendas, 25 anos

“Orgasmo é muito bom, mas não é sempre que nós, mulheres, conseguimos chegar lá durante o ato sexual. E isso não significa dizer que a relação tenha sido ruim. Acho bonito quando o parceiro se preocupa e tenta de todas as formas fazer a mulher ter prazer.” Marília Gonçalves, consultora em marketing, 22 anos

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