SAÚDE

Especialistas debatem tratamento medicamentoso para obesidade

Assunto foi um dos destaques do EndoRecife, maior evento regional de endocrinologia do País

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 30/06/2013 às 14:40
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Assunto foi um dos destaques do EndoRecife, maior evento regional de endocrinologia do País - FOTO: Divulgação/SBEM-PE
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Tratar a obesidade não tem sido uma tarefa fácil para os médicos, pois exige um arsenal terapêutico que inclui mudanças comportamentais, medicações e, em alguns casos, cirurgia bariátrica. Pessoas que necessitam de tratamento medicamentoso para combater o excesso de peso vivenciam uma grande luta, já que o Brasil passa por uma inércia terapêutica para a obesidade, considerada síndrome complexa por ter como causa fatores que agem isoladamente ou em conjunto. Entre eles, estão a ingestão aumentada de calorias, o sedentarismo, fatores genéticos e emocionais.

Esse foi um dos destaques do EndoRecife, considerado o maior evento regional de endocrinologia do País, que terminou ontem (29/6) no Summerville Beach Resort, na Praia de Muro Alto (Litoral Sul de Pernambuco). O congresso, que reuniu cerca de 500 profissionais de saúde, foi presidido pelo endocrinologista Lúcio Vilar, chefe do serviço de endocrinologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE).

Os especialistas que estudam obesidade concordam que, diante da epidemia de obesidade em todo o mundo, faz-se necessária uma oferta maior de medicamentos capazes de beneficiar os pacientes que lutam contra o sobrepeso e as conseqüências decorrentes dele, como taxas irregulares de colesterol e triglicérides, hipertensão arterial, diabete tipo 2 e apneia do sono.

Desde 2011, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de inibidores de apetite do tipo anfetamínico, a população que precisa de fármacos antiobesidade está praticamente órfã desses produtos.

Novo medicamento aprovado nos EUA traz associação de substâncias que inibe o apetite e controla a compulsão alimentar

“Alguns pacientes ainda podem usar a sibutramina, que acabou ficando no mercado brasileiro após várias discussões entre a Anvisa e os médicos. Também contamos com o orlistat, medicamento que reduz a absorção da gordura ingerida e que é subutilizado”, diz o endocrinologista carioca Walmir Coutinho, presidente eleito da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade (Iaso, na sigla em inglês). “A questão é que esses medicamentos, isoladamente, não emagrecem. Eles apenas facilitam o seguimento de uma dieta para perda de peso”, complementa Lúcio Vilar.

Nos Estados Unidos, onde a sibutramina não é mais vendida pelo fato de o FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora de produtos no país) alegar que o produto aumenta riscos de problemas cardiovasculares, foi aprovada recentemente uma medicação que combina duas substâncias: fentermina e topiramato de liberação prolongada. “É uma associação que pode ser efetiva para tratar a obesidade, pois inibe o apetite e controla a compulsão alimentar”, frisa o endocrinologista Luciano Teixeira, do HC/UFPE.

Ele salienta que existe a possibilidade de essa medicação chegar ao Brasil, mas suspeita de que seja difícil a liberação pela Anvisa porque a fórmula contém um inibidor de apetite. Para Walmir Coutinho, a aprovação do medicamento pode ser tranquila porque a substância tem passado por estudos muito confiáveis. “Ao ter acesso a bons resultados, existe a possibilidade de a agência reguladora no Brasil não encontrar problemas para liberar o produto”, destaca Walmir Coutinho. Até o momento, a medicação não foi submetida para aprovação pela Anvisa.

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