SAÚDE

O shake na balança

Profissionais de saúde debatem sobre o uso da bebida como substituto parcial de refeições para o emagrecimento

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 14/07/2013 às 1:36
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O grupo de pesquisadores e profissionais de saúde que não vê os shakes com bons olhos se baseia em alguns estudos que relacionam o consumo dessas bebidas à hepatotoxicidade, que é um dano no fígado causado por substâncias químicas. Numa busca no Pubmed, base de dados que congrega artigos de todo o mundo, é possível encontrar alguns trabalhos que fazem essa associação. A maioria foi publicada no Journal of Hepatology e no Pharmacoepidemiology and Drug Safety, nos anos de 2007, 2008 e 2011. 

O endocrinologista Luciano Teixeira, chefe do serviço de obesidade e metabologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), chama atenção para essas pesquisas e frisa que a comunidade científica ainda conhece pouco sobre o conteúdo das formulações dos shakes apresentados nos trabalhos. “Há componentes desconhecidos nas composições. Isso é perigoso”, alerta. 

Um estudo publicado em 2011 no Pharmacoepidemiology and Drug Safety, conduzido por sete pesquisadores da Universidade de Oviedo (Espanha), confirmou a relação entre hepatotoxicidade e consumo de produtos de uma das empresas que comercializam formulações para controle de peso (como shakes e chás). Os autores da investigação ainda enfatizaram a necessidade de se estabelecer novas medidas regulatórias para os produtos. Ainda assim, o trabalho ressaltou que a análise das fórmulas que cada paciente tinha tomado não permitiu identificar ingredientes hepatotóxicos conhecidos.

O médico nutrólogo Nataniel Viuniski assegura que o shake é um produto eficaz para perda de peso de maneira saudável porque segue requisitos nutricionais e contém a quantidade de calorias, proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais que permite substituir com segurança até duas das três principais refeições. Mas é preciso que cada pessoa prepare a bebida corretamente. Ele avisa, por exemplo, que não vale usar leite desnatado na preparação, pois isso não atende a exigência para ser um alimento seguro para promover o emagrecimento. "É preciso utilizar leite semidesnatado", diz Nataniel. 

Ele ainda acrescenta que se recomenda o uso do shake como substituto parcial de refeição somente a pessoas sem doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, como diabete e doenças cardiovasculares. "Quem também tem problemas renal e hepático não deve consumir o produto sem acompanhamento de um médico. Apenas esse profissinal poderá conduzir um melhor tratamento para o excesso de peso nesses casos especiais", frisa o nutrólogo. 

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