Nem todo dia o batom cai bem. Lápis preto é capaz de operar verdadeiros milagres por um look caprichado, mas não faz sentido toda hora. Sombra carregada, então, nem se fala. Só vale a pena sair de casa com ela, se a inspiração for muita ou o ensejo for bom. Mas nem tudo são melindres na sua penteadeira. Do pouco que se faz necessário para a maquiagem cotidiana, o blush é certamente protagonista. É ele que quebra a monotonia cromática diária, tinge qualquer look de naturalidade e saúde, disfarça geometrias imperfeitas e ainda deixa encarnadas e escancaradas as verdades que cada uma quer contar ao mundo quando sai de casa todo santo dia.
"Blush faz parte da santíssima trindade da maquiagem: ele, uma boa base e uma máscara para cílios são os fundamentos de qualquer look”, profetiza André Mesel, do Set. O segredo da poderosa ferramenta colorida é acertar na tonalidade. “Peles claras combinam com tons de pêssego, bege claro e rosados. Já as negras, com vinho, castanho e rosa escuro. Castanho médio e marrom realçam a pele das mulatas", ensina Marcos Costa, maquiador oficial da Natura. Mas, para excluir o tédio de sua paleta, Suellen Gentil, maquiadora da Contém 1g, recomenda ter sempre na nécessaire pelo menos dois tons de blush. "Assim, dá para compor looks diferentes, mais naturais ou mais caprichados."
A textura do produto também faz toda a diferença no resultado. Além do tradicional blush em pó, nas versões mate ou cintilante, solto ou compacto, o produto está disponível hoje em creme, bastão e tem até variante líquida nas cada vez mais diversificadas prateleiras. "Os molhados devem ser aplicados sempre com a mão. E têm um efeito bem bonito, natural. Mas são arriscados para climas como o nosso, quente e úmido", alerta a maquiadora Monique Caires, que garante: quando se trata de maquiagem, o sol é bem-vindo só como inspiração. "Os tons acobreados estão muito em alta agora. Deixam qualquer uma com cara de musa da praia."
Para Marcos Costa, as variáveis de blush em creme, compacto ou bastão, são mais fáceis de usar e ideais para quem tem pele seca. Mas para mulheres com pele oleosa, a maioria das brasileiras, o pó funciona melhor. "O líquido pode ser utilizado por todo tipo de pele, mas é preciso estar alerta: como seca rapidamente, pode manchar na aplicação."
Mas não basta adquirir os produtos certos. A aplicação é determinante no sucesso ou insucesso da produção. "A regra geral é passar só nas famosas maçãs do rosto", ensina o badalado Theo Carias, que recomenda ainda não exagerar no blush, se olhos e bocas já estiverem bem coloridos. A ideia, complementa Vanessa Rozan, maquiadora da Maybeline, é parecer naturalmente corada, "com cara de saúde". Para não errar na geografia do blush, o truque infalível, ensina Marcos Costa, é dar um sorriso na frente do espelho e maquiar a porção de bochecha que ficar mais saliente.
O pincel certo para blush é o redondinho e avantajado, de cerdas bem macias. "Mas dá para usar também um chanfrado grande ou o chamado duo fibra, que é mais firme", diz Vanessa, que dá ainda a dica de sempre dar umas batidinhas no pincel para tirar o excesso do produto antes de aplicá-lo. O ideal é fazer o movimento sempre de cima para baixo, do centro do rosto para as extremidades. Se exagerar, corrija com um pincel com pó. Nem pense em corrigir com a mão, para a pele não absorver ainda mais a cor.
Para quem tem o rosto redondo e quer suavizá-lo, o blush deve ser aplicado abaixo das maçãs, ensina Marcos Costa. "É só fazer boca de peixinho e pintar a região do rosto que ficar murchinha. Aquela diagonal entre o canto da boca e as orelhas." Depois, é preciso esfumar bem para não deixar o traço marcado. Monique ensina que esse efeito pode ser conseguido com um tom mais escuro, associado a outro mais claro nas maçãs.
Em rostos quadrados, as laterais inferiores, no queixo e nas têmporas, é que devem ser tingidas. Já os rostos compridos pedem pinceladas também no queixo e próximo à raiz do cabelo. Paras quem tem rosto oval, o procedimento é o mesmo, mas faz-se necessário pintar discretamente também as laterais do rosto. Corar é preciso, mas tem que ter estratégia.
