Que atire a primeira raquete de frescobol quem não quer fazer bonito sobre a areia quente neste verão. Para os que têm hábito e também para os que têm somente vontade de se exercitar, a praia pode ser um ótimo pretexto, e, ao mesmo tempo, cenário para a malhação. Entre um mergulho e outro, não custa nada aproveitar para queimar calorias e garantir algum tônus muscular para chamar de seu em plena praia.
E o melhor é que a monotonia não há de ser obstáculo para essa ginástica de veraneio. Do vôlei à corrida na areia fofa, o litoral é todo oportunidades para quem quer suar a camisa.
Mas se engana quem pensa que é só chegar correndo. Antes de começar ou retomar uma rotina de exercícios nas férias, alguns cuidados precisam ser observados, para que o esforço não saia pela culatra. Iniciados e iniciantes devem ter sempre em mente o chamado princípio da reversibilidade.
“Se um indivíduo para de treinar de repente, ele tende a perder o seu condicionamento numa velocidade diretamente proporcional à sua experiência. Explico: se a pessoa treina há pelo menos um ano, sua capacidade física sofre uma pequena baixa. Mas, se ela treina há pouco tempo, a redução da sua capacidade física é muito maior”, ensina Rafael Bernardo, do coletivo Foco de preparadores físicos especializados em ginástica funcional na praia.
Para todo mundo sair ganhando, o também preparador físico Felipe Neiva recomenda um mix de práticas para tornar os exercícios de férias mais divertidos. “Não existe uma receita de bolo. É sempre preciso levar em conta a chamada individualidade biológica: o que é melhor pra mim pode não ser pra você. Mas, independentemente do indivíduo, o interessante é que a série das férias seja composta de exercícios aeróbicos, como natação, corrida, vôlei, frescobol, e exercícios de resistência muscular localizada, ou seja, exercícios musculares adaptados, que usam o peso do próprio corpo.”
Desses todos, ensina o preparador Carlos Pazos, a corrida na praia é o de maior gasto energético. “Depois vêm o vôlei, o frescobol e a caminhada”. Entre as alternativas tropicais à musculação, ele sugere slackline, futevôlei e surfe. “São exercícios bem temáticos.”
A periodicidade também é determinante para o sucesso da empreitada, ensinam os especialistas. O ideal, ensina Rafael Bernardo, é encontrar seu equilíbrio particular entre o mínimo de duas vezes por semana e o máximo de cinco vezes. “O descanso, vale ressaltar, também é essencial para a evolução corporal. Principalmente nas férias.”
E nem pense em começar a malhar às 13h, depois de passar a manhã se empanturrando de picolé, caldinho e cerveja.
“Mesmo com protetores solares e camisas com filtro, o corpo, em altas temperaturas, faz um esforço enorme para estabilizar a temperatura interna. Resultado: perde líquido em maior velocidade e aumenta o desgaste”, ensina Carlos. Em tempos de camada de ozônio esburacada, o horário ideal, segundo ele, é antes das seis da manhã ou após as 17h.
Malhar descalço também não é uma boa ideia. “A depender da temperatura da areia, isso acaba aumentando o estresse corporal, causando até instabilidade na frequência cardíaca”, diz Felipe. Mas é no solado dos pés que está o maior risco.
“Se os pés estão lesados, logo a forma de pisar vai ser modificada, sobrecarregando a articulação do joelho, que, se não estiver bem fortalecida, pode acabar sofrendo pequenas lesões, que, por sua vez, podem até repercutir na articulação do quadril. Ou seja, areia quente e exercício físico não combinam!”, ensina Carlos Pazos.
Antes, durante e depois dos exercícios, avisam todos os profissionais em uníssono: água é fundamental. Orientação é outra coisa que não faz mal a ninguém. “Todo e qualquer exercício deve ser acompanhado e prescrito por um profissional de educação física, seja nos dias úteis, seja nos dias livres. É muito importante ter atenção ao volume de exercício pra não sofrer lesões e perder as férias inteiras”, diz Felipe Neiva.
Aluna dele, a empresária Carolina Ferreira, 38 anos, nem esperou pelo veraneio para começar a treinar na praia. “O clima, o visual, tudo são estímulos. Uma recompensa a mais pelo esforço”, diz a ex-jogadora de vôlei, que, depois de anos sem treinar, redescobriu o prazer da malhação com vista para o mar.
