Bichos

Gatinhos: tão lindos e tão frágeis

Quem adota felinos recém-nascidos órfãos tem que se desdobrar em cuidados como mantê-los aquecidos, para que cresçam saudáveis

Gabriela Viana
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Gabriela Viana
Publicado em 08/02/2014 às 7:00
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A matança dos gatos, ocorrida no final de janeiro, na Beira-Rio, Zona Norte do Recife, serviu como lição para muita gente. Abriu os olhos das pessoas para os felinos de rua, que, geralmente, levam uma vida sofrida, como relatam letras de músicas. É o pau que atiram no gato; é o bichano que vira tamborim; é o veneno que matou dezenas deles, gratuitamente. Para salvar filhotes das amarguras do abandono, muitas pessoas começaram a adotar os bichanos. Lindos e irresistíveis, eles precisam de cuidados especiais, principalmente por estarem longe da mãe.

“Sempre fui louca por animais e, quando ouvi um boato de que a Vigilância Sanitária ia passar na Beira-Rio para recolher os gatinhos, fui correndo”, recorda a estudante Virgínia Brito, 17 anos. Ela pegou dois deles que tinham apenas 24 horas de vida e três com cerca de um mês. Apesar de ter satisfeito o desejo de dar um lar aos animais adotados, Virgínia passou pela dor de perder os cinco, em um pouco mais de uma semana. 

Os dois mais novinhos estavam com rinotraqueíte, uma espécie de virose felina que causa conjuntivite, espirros e aftas, deixando-os sem apetite. Bastante comum nos primeiros dias de vida dos gatos, a doença é a causa do alto índice de mortalidade desses animais. “Não imaginava que eles estavam infectados. Achei que os sintomas eram por falta da mãe. Estava dando um leite específico para recém-nascidos na seringa, além de mantê-los constantemente aquecidos, com garrafas de água morna perto de onde estavam”, conta Virgínia. “Logo, os dois faleceram”, lamenta a estudante.

Apesar de ter lavado tudo o que foi tocado pelos bebês, o vírus contaminou os outros três, que já eram mais velhos. Não demorou para que eles, um a um, também descansassem da vida que levavam. A triste situação mexeu com Virgínia, que se sentiu incapaz diante da sorte dos seus protegidos. Daí, em diante, ela decidiu recolher gatinhos abandonados para cuidar deles até encontrar novo lar para eles. 

A veterinária Manuela Passos adverte que os bichanos pequeninos órfãos exigem cuidados bem específicos. “Gatos não precisam de muitos cuidados depois que crescem, mas, quando bebês, exigem atenção redobrada. Não indico adotá-los muito novos, mas quando perdem a mãe, não há outra saída”, diz. Eles ficam mais frágeis, sujeitos a doenças, por falta de anticorpos normalmente obtidos através do leite materno.

Criar gatinhos exige cuidados especiais como manter a temperatura do corpo deles quentinha -
Heloísa pegou dois gatinhos para criar quando eles tinham um mês.; São o chamego da família -
Ideal é adotar felinos com um mês de vida, ensinam especialisas -
Gatinhos têm que ser alimentados com leite industrializado especialmente para cães ou leite caseiro -
Quando ficam grandes, bichanos são pets muito independentes -

 

Para contornar a ausência materna, a indicação é alimentar o baby com leite industrializado especialmente para cães e gatos, o Pet Milk. É possível também oferecer a bebida feita em casa. "Basta usar 1/2 xícara de leite integral, uma gema de ovo, uma gota de polivitamínico infantil e 1,5 gramas de carbonato de cálcio. É só bater no liquidificador, aquecer um pouquinho, até ficar morno e dar para o gatinho", ensina Manuela.    

Dando continuidade às dicas, a veterinária Amanda Castro orienta a, antes de tudo, levar o gatinho a uma clínica para examiná-lo quanto às possíveis doenças. “Estando tudo o.k., os cuidados serão básicos: alimentar a cada três horas durante os 15 primeiros dias, na posição que normalmente ele mamaria, com barriguinha pra baixo e cabeça erguida. Além disso, os bebês gatos não conseguem manter a temperatura do próprio corpo, por isso é necessário aquecê-los constantemente”, explica.

“Um fato curioso é que, nos primeiros dias de vida, a mãe lambe os órgãos genitais dos filhotes para estimulá-los a fazer xixi e cocô. Por isso, é preciso umedecer um algodão com água morninha e passar de cima para baixo, fazendo massagem bem de leve”, ensina.

Quem fez adoção e obteve sucesso foi a universitária Heloísa Izidoro, 20. Ela terminou levando dois gatinhos para casa. Eles tinham aproximadamente um mês, o que facilitou na criação. Os dois vivem muito bem e são o chamego da casa. 

Segundo Manuela, as vacinas e a vermifugação devem ser dadas a partir dos 45 dias de vida do animal. Antes disso, não é indicado por causa dos anticorpos maternos. E, no final das contas, é sempre recompensador ver a alegria e o amor que os felinos são capazes de nos oferecer, além de termos a sensação de salvar uma vida.

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