Foram oito meses de reforma, muitas noites em claro e ansiedade para que tudo ficasse perfeito. Este foi o clima descrito pelo chef Aníbal “Biba” Fernandes quando, finalmente, aprontou, segunda-feira passada, o Chiwake Gourmet, no mezanino do seu restaurante. Curioso é que a nova etapa ficou tão natural que parece ter surgido como por encanto sobre o térreo, onde há cinco antes teve início a “aventura” de erguer o primeiro restaurante de inspiração peruana no Recife. As apostas correram altas, na época, a respeito da aceitação de tal produto. A resposta está aí, e por isso, talvez, tenha surgido de forma tão orgânica, como algo que sempre tivesse estado lá, em estado metafísico, mas só agora materializado. Um sonho sonhado por Biba e sua companheira de todas as horas, Mannuela Lisboa.
Embora o primeiro andar seja um prolongamento da base, o seu propósito é distinto, mas não antagônico. Os idealizadores do Chiwake reservaram a nova área, prioritariamente, para uma demanda já existente: a de eventos que, por mais proveitosos que sejam para a casa, terminam perturbando o cliente regular. O salão superior está, portanto, guarnecido com equipamento multimídia para atender qualquer necessidade. Para fazer o serviço completo, Biba requisitou ao arquiteto Paulo Veloso, assinatura de primeira hora no Chiwake, que projetasse uma cozinha envidraçada, onde a equipe pudesse ser vista executando o silencioso balé de uma culinária fresca, com bases fincadas no que vem do mar e acento conhecidamente andino, com influências sopradas de diferentes latitudes. Desta área saem aproximadamente 40% dos pratos que são servidos lá embaixo, com uma diferença sutil, mas funcional: as porções são dimensionadas individualmente.
O mezanino será franqueado ao cliente avulso nos dias em que não estiver destinado aos tais acontecimentos, por isso, é bom ligar antes para se certificar de sua disponibilidade. A capacidade é para 70 pessoas, sendo necessário o quórum de 35 indivíduos para, em caso de eventos fechados, efetuar a reserva. Prepare-se para desfrutar uma viagem panorâmica pelas criações que lançaram e consagraram o nome de Biba Fernandes no cenário estadual, já em processo de decolagem rumo a um futuro sem fronteiras. As porções variam entre R$ 18 e R$ 54 e, embora ao fim da degustação de quatro a cinco pratos você tenha deixado o equivalente a um jantar no formato tradicional do andar de baixo, as vantagens aqui são a possibilidade de contemplar o paladar com várias opções e/ou beliscar sem o inconveniente de ter que ceder na escolha de um prato para alcançar um comum acordo. Entre as novidades, destaque para a Rana Peruana, coxinhas de rã grelhadas no azeite com legumes puxados no ají e gengibre em salsa de ostra. Uma bela referência à cozinha chifa, legada aos peruanos pelos imigrantes chineses.
