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A cozinha abençoada de Carmem Virgínia

Aos 36 anos, yabassê pernambucana conquista chefs Brasil afora

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 18/01/2013 às 7:00
Felipe Ribeiro/JC Imagem
Aos 36 anos, yabassê pernambucana conquista chefs Brasil afora - FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Sua trajetória é tão encantada quanto os efeitos de sua cozinha diante dos comensais. Ainda menina, dona Carmem Virgínia dos Santos, filha de mãe solteira, criada por avó dedicada, o chamego das pessoas que cuidavam de um terreiro de candomblé perto da casa em que vivia, recebeu um recado dos orixás. Através dos búzios, as divindades diziam que ela tinha a cozinha (cerimonial) como vocação.

Ela tentou fugir. Tanto da cozinha, como da religião. Mas confirmando a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer, dona Carmem mudou de vida há uns anos, foi estudar gastronomia e virou chef. Não mais uma no mercado. Dona de um humor e simpatia indomáveis, rapidamente fez amizades no meio – tanto no Recife, quanto pelo País.

Alex Atala é um dos que apreciam sua gastronomia talhada entre as tradições do terreiro e a franca e brasileiríssima cozinha do povo. “Uma época, eu estava querendo refinar técnica, imitar a alta gastronomia. E foi Alex (Atala) quem disse para eu nunca deixar de fazer prato cheio, que isso é minha cara e que, no futuro, muitos vão querer saber como é a comida tradicional, querer aprender”, diz ela, encerrando a fala com a gargalhada e a indefectível expressão “Tá, meu bem!?” que pontuam cada troca de ideia que sai de sua boca.

Aos 36 anos, ela promete ar novo num mercado em que muitos, muitas vezes, querem reproduzir as mesmas técnicas e estéticas. Gosta de revisitar ingredientes populares esquecidos pelo povo. Como o biri biri, uma frutinha ácida, comum nos quintais da periferia, que encantou o chef e apresentador Olivier Anquier quando ele veio fazer uma matéria, com Carmem e outros personagens, sobre a cozinha do Recife.

“É uma fruta que é prima da carambola, azedinha, que dá uma ótima compota. Ótima para servir com porco assado. Olivier disse que sempre faz quando quer receber alguém e lembra de mim. Tá, meu bem?”, diz, com sua gargalhada espessa como a calda do doce que faz com a fruta.

Leia mais sobre a cozinha de Carmem Virgínia e confira receitas no Boa Mesa de hoje do Jornal do Commercio.

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