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Perfil da travesti Maria Clara gera adesão e oposição na rede

Internautas usaram redes sociais e caixa de comentários para expressar apoio ou críticas

Do JC Online
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Do JC Online
Publicado em 09/03/2015 às 18:19
Bobby Fabisak/JC Imagem
Internautas usaram redes sociais e caixa de comentários para expressar apoio ou críticas - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O perfil da travesti Maria Clara de Sena, publicado no último domingo (8 de março, Dia Internacional da Mulher) provocou dezenas de comentários nas redes sociais, manifestações que giraram a respeito do papel da mulher, sobre machismo e feminismo, sobre a identidade das mulheres trans. Nas falas, um fenômeno curioso e revelador: enquanto muitos questionavam Maria Clara em um papel feminino (“Uma obra de Dr. Victor Franknstein!”, escreveu a leitora Neide Priori no Facebook do Jornal do Commercio/JC Online) outros a enxergaram como síntese da garota perfeita que deveria servir de exemplo para as mulheres biológicas (“Feliz dia da mulher para a Maria Clara, que tem sido mais sábia como mulher do que as outras ditas mulheres”, disse o internauta Flávio nos comentários da matéria publicada no JC Online). No primeiro caso, entramos na velha seara da intolerância. No segundo, cabe o questionamento, um dos propósitos da própria matéria, sobre a distância entre os direitos femininos e o que grande parte da sociedade ainda espera da mulher, uma posição de submissão que tantas vezes abre espaço para a violência doméstica.

Foi justamente esse papel “Amélia” evocado na fala de Maria Clara que levou o leitor Eduardo a escrever uma espécie de desabafo também nos comentários da matéria online. É interessante observar como há na declaração pública uma mistura de elogios ao que ele entende como uma posição de “dama” de Maria ao mesmo tempo em que questiona a luta feminista. Mais: vê a Lei Maria da Penha como algo instrumentalizado pela população feminina. “Esqueceram que a fragilidade da mulher está no segredo da sua fortaleza, que desarma qualquer machão. Muitas mulheres hoje desafiam os homens fisicamente e, ao mesmo tempo usam o escudo da Lei Maria da Penha. Vem que eu te enquadro na lei Maria da Penha. Nesse turbilhão de acontecimentos, as mulheres desvirtuaram o sentido da revolução feminina”, escreveu ele, completando: “vejo o exemplo desta travesti, uma dama, que cuidou do parceiro doente, que quer amar e ser amada, sabe seu lugar de mulher melhor do que as mulheres ... Por tudo isso, Maria Clara, como homem lhe desejo Feliz Dia das Mulheres.”

Enquanto várias pessoas prestaram felicitações, como a leitora Jaqueline (“A você, meu respeito!”), outros não observam a condição de Maria Clara, que faz parte do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, como legítima. É o caso do leitor Marcelo Freitas. Em resposta a uma internauta, ele escreveu: “Não é preconceito Isabel Maia, é conceito. Deus não criou um terceiro sexo,e quero deixar claro, respeito a opção sexual de cada um, mas tenho o direito de discordar.” Acostumada a ter sua presença social questionada, Maria Clara afirma não ter se incomodado com as manifestações negativas, que, no fim, foram menores que as positivas. Seu post no Facebook foi curtido mais de trezenas vezes. “Recebi muitos telefonemas me parabenizando. Fiquei feliz com a matéria porque vi que meus direitos e os direitos das mulheres trans foram respeitados.

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