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Skate invade os parques do Recife

Segregação é palavra proibida entre os praticantes do esporte

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 10/05/2015 às 5:20
André Nery
Segregação é palavra proibida entre os praticantes do esporte - FOTO: André Nery
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Em cima de quatro rodas todo mundo é igual. Longe de valer para o caótico e egoísta trânsito do Recife, a máxima tem uma nova aplicação nos picos de skate da cidade. Segregação e preconceito levam belos tabefes no mundo desse esporte. Estudantes universitários, que vão de carro aos picos e têm equipamentos de ponta, convivem harmoniosamente com meninos e meninas de comunidades mais pobres, que precisam “morcegar” nos ônibus ou andar grandes distâncias de bicicleta para chegar ao local do rolé. 

No Parque Santana, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte, é que se verificam os maiores exemplos dessa convivência. É comum os mais abastados emprestarem seus skates para quem não os tem. Enquanto isso, ficam calmamente esperando pela vez. Muitos jovens vão sem qualquer dinheiro no bolso. Chega uma hora em que os rolés cobram o preço e vem a sede. Problema zero: também é comum a partilha da água que os moradores dos prédios mais próximos levam para a pista. 

Por conta do “crowd” (grande quantidade de gente na pista), as trombadas são frequentes, muitas delas até severas. Mas, de novo, não se vêem discussões ou, na linguagem deles, “tretas” entre os skatistas. Ao invés disso, um “foi mal, brother”, seguido de um aperto de mão, resolve a parada. 

Inaugurado no início do ano passado pela prefeitura, o Parque da Macaxeira, na Zona Norte, concentra uma maioria de jovens skatistas de periferia. Eles vêm da Mustardinha, na Zona Oeste, Beberibe, na Zona Norte, e até mesmo do Janga, em Paulista, e Dois Unidos, em Olinda. O transporte, mais uma vez, é um problema. O tatuador Allan Poze, de 23 anos, enfrenta de bicicleta os sete quilômetros que separam sua casa, na Mustardinha, do Parque. “Vou com o skate em uma mão e pilotando só com a outra”, diverte-se. Allan descobriu o skate após um grave acidente em que quase morreu atropelado, aos 12 anos. Desde então devota seu tempo livre aos rolés.


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