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A nova das nove

Depois de estrelar filmes como O Som ao Redor e Amor, Plástico e Barulho, a atriz Maeve Jinkings, um dos rostos mais presentes no cinema feito em Pernambuco, se prepara para estrear na telenovela A Regra do Jogo

Allan Nascimento
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Allan Nascimento
Publicado em 26/07/2015 às 6:07
Aroma Filmes/divulgação
Depois de estrelar filmes como O Som ao Redor e Amor, Plástico e Barulho, a atriz Maeve Jinkings, um dos rostos mais presentes no cinema feito em Pernambuco, se prepara para estrear na telenovela A Regra do Jogo - FOTO: Aroma Filmes/divulgação
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Desde cedo a atriz Maeve Jinkings precisou aprender a se adaptar às cidades que surgem em sua vida. “Me sinto sempre um pouco dividida”, explica, em entrevista por e-mail. “Recife é minha casa, é onde estão minhas coisas, meus afetos, e é pra onde volto quando não estou gravando. Já estou sentindo falta de ir visitar São Paulo, onde morei 15 anos. Brasília também é parte de mim, amo aquele céu, nunca fiquei um ano da minha vida sem ir ao Distrito Federal visitar meu pai e minhas irmãs. E meu coração se sente em dívida com Belém, faz tempo que não vou lá… cresci naquela cidade e morro de saudade”, enumera. Agora, ela inclui o Rio de Janeiro nesse roteiro. Em agosto, na pele de Domingas, ela faz sua estreia no horário nobre da TV Globo e vai precisar se ausentar um pouco das cidades que lhe surgiram. Atendendo a um convite do produtor de elenco Guilherme Gobbi, da diretora Amora Mautner e do novelista João Emanuel Carneiro – que conheceram seu trabalho através de filmes como O Som ao Redor e Amor, Plástico e Barulho – ela dará vida a uma moradora do fictício Morro da Macaca na próxima novela das nove, A Regra do Jogo.

Por enquanto, o que se sabe sobre Domingas é que ela é uma costureira casada com Juca (Osvaldo Mil) e funcionária de Indira (Cris Vianna) – dá expediente na loja Le Barrac. Além disso, Maeve vai contracenar com nomes como Susana Vieira, que vai viver Adisabeba, a dona de um hostel no morro, e outros atores do primeiro escalão da emissora carioca – entre eles Juliano Cazarré, Vanessa Giácomo e Cauã Reymond. No elenco, muitos nomes que Maeve sequer ouviu falar na vida. “Hoje em dia não assisto nada de TV, acredita? Sou um ET nesse sentido. A última novela que acompanhei foi O Clone (2001), e a ultima minissérie foi Hoje é Dia de Maria (2005)”, relata. “Amora riu de mim, porque nos primeiros encontros ela falava nomes de pessoas da equipe e eu tentava disfarçar minha ignorância da teledramaturgia recente, mas ela sacou e falou na frente da equipe toda ‘mas você sabe quem é a Cassia Kis, né? Vai contracenar com você, dá um abraço nela’.”

Mesmo sem acompanhar a produção mais recente da TV, Jinkings se identifica com o gênero. “Ainda menina amava Roque Santeiro, Vale Tudo, Sassaricando. São narrativas que fazem parte de minha história, me marcaram muito”. A Regra do Jogo, por sinal, nem vai ser exatamente sua primeira experiência com o gênero. Em 2007, ela fez uma participação em Amigas e Rivais, trama mexicana que foi adaptada pelo SBT. “Mas na época eu estava em cartaz no teatro de quarta a domingo das 18h às 23h, e não podia me comprometer com a agenda de um estúdio de TV, de forma que tive apenas essa experiência muito rápida”, justifica.

Só que sobre o trabalho de Amora e João Emanuel, que foram responsáveis pelo super sucesso Avenida Brasil (2012), a atriz não se mostra totalmente alheia. “Quando uma novela é boa, ela chega até em quem não a acompanha, ultrapassa a TV. Sei quem é o Comendador (papel de Alexandre Nero, em Império), pois todos falavam nele. Acompanhei a repercussão de Avenida Brasil, que foi tremenda. Depois disso comecei a prestar atenção no João e na Amora, ler entrevistas, ler sobre o trabalho deles, e assistir a trechos de trabalhos dos dois. Me interessa muito a forma como eles tentam propor elementos novos à linguagem da TV, como gostam de correr riscos, e o risco me mobiliza muito.”

Enquanto interpreta Domingas, Maeve não se desliga totalmente da cena local. No próximo mês começam as gravações de Aquarius, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, em que ela vai contracenar com Sônia Braga. “Também farei a locução de um curta em animação de Nara Normande, um projeto lindo, muito pessoal. Nara sempre me chama pra fazer coisas que nunca fiz antes, e adoro isso”, anuncia. Ainda no segundo semestre, mais dois filmes em que ela atua devem ser lançados: Açúcar, de Renata Pinheiro (que a dirigiu em Amor, Plástico e Barulho); e Valeu, Boi!, de Gabriel Mascaro. 

Sobre esse novo momento da carreira dela, Mascaro aposta que vai ser um sucesso. “Ela não é apenas talentosa, é inteligente e sagaz. Seguramente vai conseguir fazer o trabalho de forma honesta e jogar com a lógica da novela”, declarou. 

Revelada por projetos de cunho mais autoral, Maeve não se preocupa se essa entrada em um veículo de produção mais comercial cause algum estranhamento no meio cinematográfico. “O Brasil vende teledramaturgia pro mundo todo, acho ótimo tentar essa linguagem sendo uma atriz brasileira. Mas acho que há projetos interessantes ou desinteressantes em todo meio. Fazer cinema autoral, que é uma paixão minha, não garante que eu faça sempre coisas boas. É o mesmo na TV ou no teatro. Por enquanto meus amigos de cinema têm achado bacana que eu tenha essa experiência, ficam curiosos. Descobri que tenho vários amigos noveleiros”.

Maeve sabe que atuar em uma novela das nove vai lhe tornar muito mais conhecida. E tem se preparado para isso. E finaliza elencando o que lhe mobiliza enquanto artista: “O inesperado. O desconhecido. O risco. Não acredito na vida sem esses elementos”.

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