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O amor pela arte de costurar

Estlistas com nome no mercado e outros iniciantes falam sobre o processo de criação de uma roupa

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 18/10/2015 às 10:07
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Estlistas com nome no mercado e outros iniciantes falam sobre o processo de criação de uma roupa - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Uma roupa perfeita, ajustada ao corpo, com detalhes que fazem a diferença. Ao comprarmos uma peça não imaginamos o processo criativo e de produção que se levou para chegar ao resultado final. A combinação de cores e o detalhe aplicado no lugar perfeito. Costurar é para poucos.

Há 30 anos, a estilista Roberta Imperiano descobriu esse dom. Entrou no mundo da moda, na parte de vendas, ajudando uma amiga que tinha uma confecção. Depois, trancou a faculdade de engenharia para montar sua própria empresa. Mas a realidade econômica do governo Collor a fez fechar as portas. Montou o primeiro ateliê para atender a clientela. Durante uma temporada em São Paulo, fez uma garimpada nos brechós da cidade. Comprou peças de grife e desmontou para entender os moldes e os acabamentos da alta costura.

Roberta diz que algumas clientes chegam ao ateliê em Boa Viagem sem muita ideia do que estão buscando. “Começo a conversar sobre a festa, sobre a decoração. Isso diz muito. Aí monto um modelo que se adeque a ela”, informa. “Algumas já sabem o querem, mas não sabem se expressar. Meu papel é dar uma lapidada. Elas chegam brutas e aqui vai se moldando”, explica.

Na sala onde faz o primeiro contato com as clientes, Roberta tem umas “caixinhas mágicas” com exemplos de bordados e aplicações. Um oásis para quem não entende nada de costura. “Tudo é slow fashion, feito à mão. O que mais gosto é a construção da roupa, entender o que as pessoas querem. Adoro fazer trabalhos manuais, surpreender a cliente”, diz. Sua equipe conta com 14 pessoas, entre costureiras, bordadeiras e drapeadeiras. “Mas eu faço tudo. Quando falta alguém, coloco a mão na massa”, diz.

Mesmo com uma clientela garantida e ampla experiência no mercado, Roberta buscou se atualizar. Foi atrás de uma orientação do Sebrae. Como resposta, contratou uma designer para atender principalmente ao público jovem. E é de olho nesse nicho que ela montará, a partir de novembro, minicoleções, com três vestidos a cada mês. “Como as clientes chegam com uma demanda própria, a gente acaba ficando sem identidade no mercado, fica sem estilo. Quero mostrar coisas diferentes, criativas, que não são vistas nas lojas da cidade”, diz. 

O desafio de montar uma coleção também está sendo encarado pelo estilista Chico Marinho. Natural de Brejo da Madre de Deus, mas residente em Caruaru, Chico fará seu début nas passarelas no Moda Recife, evento que será realizado no Paço Alfândega de 22 a 24 de outubro. Aos 31 anos, o estilista acumula mais de uma década de trabalho na área de moda. Trocou a faculdade de medicina por design. Trabalhou para o Senac e o Senai como consultor, além de atuar de maneira autônoma, sempre para as confecções do Polo do Agreste. “Desde criança sabia que queria trabalhar com moda, era muito visível”, diz. Mas percebeu que era hora de dar o seu voo solo. “Chega uma hora em que não segura. Estou sentindo que chegou o meu tempo”, declara. Passou quatro meses em Paris fazendo um curso na área.

Para o Moda Recife, Chico trabalha há três meses no desenvolvimento da coleção, que virá desprovida de conceitos, mas inspirada no geometrismo dos anos 60 e 90. “Quando penso na construção da moda, não penso em um ponto fixo. Quero mostrar que a moda não cabe mais em rótulos, como masculino e feminino. Na minha cabeça, isso não faz mais sentido. E também sobre sazonalidade, principalmente no País onde a gente vive”, explica.

O desenvolvimento de uma peça, para Chico, é uma “questão matemática”. “O desafio é ela ser viável, principalmente financeiramente para o público que você quer atingir. Para quem está começando, tem que usar muita criatividade para sanar as dificuldades”, analisa. Se for para se encaixar numa tribo, Chico aposta na turma underground. “A roupa tem que se encaixar em você, e não ao contrário. Não mudando sua personalidade, sem deixar a força, mas estando mais sofisticado”, conclui.


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