Indústria marítima

Naufrágio não afasta viajantes de cruzeiros

Na primeira semana pós-desastre, agentes acreditam que o número de viagens feitas em transatlânticos não deve diminuir a longo prazo

Cinthya Leite
Cadastrado por
Cinthya Leite
Publicado em 19/01/2012 às 12:44
Divulgação
Na primeira semana pós-desastre, agentes acreditam que o número de viagens feitas em transatlânticos não deve diminuir a longo prazo - FOTO: Divulgação
Leitura:

Superstições à parte – ou não –, a sexta-feira 13 deste mês de janeiro de 2012 foi marcada por um acidente no Mar Tirreno, em região próxima à Ilha de Giglio (Itália), exatamente no ano em que o naufrágio do Titanic completa um século. Triunfo da engenharia náutica, o navio que afundou em abril de 1912 era tão suntuoso para a época como o Costa Concordia para os dias atuais. A grande diferença é que o atual contava com todo um aparato tecnológico para reforçar a segurança em alto-mar, o que, no entanto, foi insuficiente para evitar o pior.

A título de curiosidade, o Concordia foi a estrela da Costa na temporada brasileira 2009-2010, quando veio ao País pela primeira vez e foi anunciado como o maior navio da armadora italiana. No dia 10 de março de 2010, por exemplo, ele saiu de Santos (SP) – passando, aliás, pelo Recife.

Agora, fica impossível deixar de repetir as reflexões trazidas pela tragédia do início do século 20: com este acontecimento infeliz, será modificada a diretriz de segurança para os cruzeiros? E mais: o naufrágio do Concordia afetará a indústria de cruzeiros? As respostas para ambas as perguntas seguem indefinidas. Pelo menos, por enquanto. Nesta primeira semana pós-desastre, os profissionais do setor acreditam que o número de viagens feitas em transatlânticos não deve diminuir a longo prazo.

De outro lado, a Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) deixa transparecer que, em caso de necessidade, serão modificadas as normas de segurança para os cruzeiros. Em 1914, dois anos após o infortúnio do Titanic, foi adotado o primeiro acordo de segurança internacional da vida no mar (Convenção Solas – Safety of Life at Sea), que foi gradualmente atualizado quatro vezes – a última versão, de 1974, é a que está em vigor hoje – alterada e atualizada várias vezes.

Neste ano, a IMO garante que o Dia Mundial Marítimo (27/9/2012) será uma oportunidade para fazer um balanço dos avanços na segurança marítima, desde o desastre do Titanic, para analisar a que tópicos da segurança dos navios deve ser dada prioridade nos próximos anos. Certamente, virão à tona questões em torno do acidente do Concordia, que deixou – até terça-feira à noite – 11 mortos, 24 desaparecidos e 60 feridos.

Ainda assim, por enquanto, uma alegação diminui (ou encerra) o medo dos viajantes de cruzeiros marítimos: “Foi erro humano.” É isso o que todos os turistas e os representantes de agências de viagens repetem. “As pessoas sabem que a causa do acidente do Concordia foi falha do comandante e que possivelmente não tem relação com problemas estruturais do navio”, diz a diretora da WM Tours, Fátima Bezerra.

Ela informa que não tem percebido receio nos clientes, como geralmente acontece dias após uma queda de avião. “Nesta semana, aliás, uma empresa nos procurou para solicitar pacotes de cruzeiros, a fim de presentear os funcionários com viagens de incentivo em navios.”

No último domingo, dois dias após o acidente do Concordia, Fátima foi a Santos (SP) embarcar um grupo que comprou pacote do Splendour of the Seas, transatlântico da Royal Caribbean. Tranquilamente, todos seguem viagem até o dia 22, passando por Buenos Aires, Punta del Leste e Montevidéu. “Mesmo sabendo do naufrágio, ninguém cancelou a viagem, o que mostra como o acidente do Concordia não colocou em xeque a credibilidade da indústria de cruzeiros”, acredita Fátima.

Enquanto isso, as vendas dos demais cruzeiros da companhia italiana Costa continuam normalmente através das agências de viagens em Pernambuco, como a CVC, e do site da empresa. Além disso, o executivo de contas Saulo Costa, da operadora GS Travel, representante da bandeira italiana no Estado, alega que não recebeu ligações de pernambucanos que haviam comprado pacotes para outros próximos roteiros do Concordia. “Pode ser que alguma pessoa de Pernambuco tenha fechado pacote em lojas de outros Estados ou no site da companhia. Mas até agora não fomos procurados”, afirma Saulo.

A assessoria da Costa no Brasil diz que ainda não recebeu informações da matriz para confirmar as previsões das saídas dos transatlânticos para o fim deste período de verão 2011/2012 e para a nova temporada 2012/2013, que – até então – contará com o recém-inaugurado Costa Favolosa. O navio é mega: tem como destaques simulador de golfe, cinema 4D e outras atrações de última geração.

Últimas notícias