Comportamento

Mochila e bolsos são alvo fácil dos bandidos

Prestar atenção à bagagem é essencial em todas as etapas do passeio. Não levar todo o odinheiro no mesmo lugar também

Luísa Ferreira
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Luísa Ferreira
Publicado em 27/07/2012 às 16:25
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Era um dia de sol, em julho de 2010. O engenheiro civil Antônio Geraldo da Silva, 58 anos, estava em Roma pela primeira vez, com a filha e uma amiga. No Coliseu lotado – afinal, era pleno verão europeu –, tirava fotos e admirava a imponência do anfiteatro. Indo embora, desceram a escada rolante para chegar ao metrô, também lotado. Apesar do calor, tudo estava tranquilo. Até que, ao colocar a mão no bolso traseiro da bermuda, Antônio percebeu que a carteira não estava mais lá.

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roubos no exterior

 “Acho que deixei o bolso aberto. No meio da multidão, no Coliseu ou na escada rolante, alguém deve ter pego”, conta. Na carteira, estavam cerca de 150 e documentos. Felizmente, o passaporte estava guardado em outro bolso, de mais difícil acesso. “Sabia que precisava ter cuidado extra com ele. Por isso, o transtorno não foi tão grande”, diz.

Perder o principal documento de identificação é, de fato, uma das maiores dores de cabeça para quem está no exterior. Afinal, sem ele – ou uma autorização de saída expedida pelo consulado – não é possível seguir viagem.
A estudante de publicidade Marina Leon, 20, ficou sem a carteira de identidade quando viajou a Buenos Aires, em 2011. Por sorte, uma amiga que chegou à capital argentina poucos dias depois levou o passaporte de Marina, para facilitar a volta dela ao Brasil. “Enquanto isso, eu andava sempre com o boletim de ocorrência”, explica.

O roubo ocorreu em um restaurante, em shopping no bairro da Recoleta. “Sempre tinha muito cuidado quando saía, porque já havia sido alertada sobre roubos e furtos. Era a mais preocupada entre as minhas amigas”, afirma. No entanto, nesse dia foram jantar e colocaram todas as bolsas em cima de uma cadeira. “Na hora de pagar a conta, a única que não estava lá era a minha”.

O gerente do restaurante e seguranças do shopping foram acionados, mas não encontraram a bolsa. Nela estavam, além de documentos, câmera fotográfica, dinheiro e cartão de crédito. E foi esse último item que causou o maior estresse. “Lá não pediam senha para usar o cartão. Entre o momento em que fui roubada até a hora em que cheguei em casa e liguei para minha mãe para que ela bloqueasse o cartão, gastaram R$ 3 mil. O banco só devolveu o dinheiro seis meses depois. Foi uma dor de cabeça grande”, lembra.

Buenos Aires também foi cenário de um episódio desagradável envolvendo a gestora de recursos humanos Heloísa Reinaldo, 52. Felizmente, no caso dela o roubo não foi consumado. Em 2010, ela estava a passeio na cidade e, ao entrar em loja de sapatos, percebeu que uma mulher se aproximou mais do que deveria. “Achei estranho porque ela ficou em volta de mim o tempo todo. Quando percebi, me virei de lado e puxei a bolsa pra frente”, diz.

Chegando no metrô, Heloísa colocou a bolsa no colo e então notou que ela estava rasgada. “Entrei em pânico, mas depois vi que estava tudo lá. Acho que puxei a bolsa logo depois que ela a rasgou. Não deu tempo de tirar nada.”
A partir daí, diz, mantém a atenção redobrada em viagens. “Se eu fosse mais desatenta, teria sido roubada. Já ouvi várias histórias de pessoas que passaram pela mesma situação. Hoje, viajo sempre com a bolsa na frente do corpo, pra vê-la o tempo todo.”

PREJUÍZO

A atenção precisa ser total em todas as etapas da viagem, já que aeroportos, estações de trem e rodoviária são alguns dos lugares onde há mais relatos de furtos. E durante o percurso também não dá para descuidar. O produtor cultural Rafael Moura, 22, aprendeu isso da pior forma possível. Em 2010, quando ia de trem de Bruxelas, na Bélgica, a Lille, na França, deu uma cochilada e acordou sem a bagagem.

“Guardei a mochila naquela prateleira que fica logo acima da cabeça. Dormi por uns dez minutos e, quando cheguei em Lille, ela já tinha sumido”, recorda. O prejuízo não foi nada pequeno: na bagagem, ele levava roupas, câmera fotográfica profissional, iPod e notebook. “Ninguém no trem quis me ajudar. Também tive muita dificuldade para prestar queixa. Fui em dois postos policiais e me disseram que estavam muito ocupados. Só no terceiro consegui fazer o boletim de ocorrência”, reclama.

No caso do administrador Alexandre Tonon, 43, o problema ocorreu logo após a chegada em Veneza, para onde foi com a esposa em 2007. Do aeroporto, o casal pegou uma lancha-táxi para ir até o hotel. Chegando ao destino, Alexandre pegou as duas maiores malas e foi fazer o check-in.

A esposa dele permaneceu junto à lancha, esperando que o motorneiro lhe passasse as sacolas com livros e presentes que haviam comprado em Paris. “Mas antes que ela pegasse tudo, ele deu partida na lancha, levando com ele duas sacolas”, conta Alexandre.

Funcionários do hotel tentaram entrar em contato com a empresa responsável pela lancha-táxi, mas não adiantou. “Ficamos com a sensação de estarmos sendo enrolados. Foi ruim porque estragou o dia, já que estávamos ansiosos para conhecer Veneza e tivemos que resolver isso. Felizmente, não foi algo grave o suficiente para prejudicar a viagem como um todo.”

E até os viajantes mais experientes podem ser vítimas. A diretora da Experimento Intercâmbio, Carolina Ferraz, já foi roubada na Suíça. “Foi logo num país em que ninguém espera que aconteça algo do tipo”, ressalta.
Ela tinha deixado algumas bolsas em um carro alugado e precisou voltar ao hotel para dar um telefonema. “Não lembro se a porta estava meio aberta, mas achava que tinha trancado. Quando saí do hotel, vi que tinha gente dentro do carro. Quando me viram, saíram correndo e deixaram minha bolsa revirada”, conta. Carolina observa que o episódio aconteceu, em parte, devido a sua falsa sensação de segurança. “No Brasil, eu não teria deixado as coisas no carro.”

NO CARRO, NÃO!

Deixar malas e compras dentro de veículos é realmente arriscado, principalmente em estacionamentos de shoppings e outlets, onde sabe-se que haverá muitos objetos de valor. E turistas com compras são um dos alvos preferidos de pessoas mal-intencionadas.

De janeiro a abril deste ano, o consulado do Brasil em Miami registrou 44 ocorrências de furto a brasileiros em Miami e Orlando – 35% do total comunicado em 2011 –, sendo que boa parte ocorreu na saída de centros comerciais. Na prática, os números são ainda maiores, já que em geral os casos que chegam ao conhecimento do consulado são apenas os que envolvem a perda de documentos.

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