Diferentemente do que gostaríamos, nem sempre as nossas férias coincidem com a época de descanso de amigos, familiares e amores. É mais comum, inclusive, que o nosso tempo de viajar coincida exatamente com o período de rush profissional de quem a gente mais gosta.
O que fazer, então, diante de situações como estas? Aproveitar o descanso para cair na estrada ou viver as migalhas de tempo dos nossos queridos?
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Durante o período em que morava em Valladolid, na Espanha, no primeiro semestre deste ano, tive a sorte de ter dez dias de férias, pois a Semana Santa e uma greve geral resolverem ocorrer seguidamente.
Brasileira, senti que era a hora de pegar a mochila e rodar pela Europa. A ideia parecia tentadora inicialmente, mas o conflito surgiu quando me dei conta de que, simplesmente, eu não tinha companhia.
Os amigos europeus tinham que voltar para os seus respectivos países para fazer provas e os brasileiros queriam ir à Itália, que eu já conhecia. Descartei as duas possibilidade e resolvi ir a Londres. De lá, aproveitaria para conhecer a Escócia. Antes que as vagas do voo esgotassem, comprei as passagens. A viagem acabaria na terra do uísque.
Em Londres, completamente sozinha, desci do ônibus na Oxford Street, a rua mais comercial de toda a Europa. Uma loucura para quem chega sem ter ideia de onde está o hostel. Mas como quem tem boca vai à Roma, logo encontrei o albergue. Já no quarto, conheci um grupo de três australianos muito simpáticos: Oliver, Melissa e Reece.
Eles me mostraram os lugares mais inusitados da cidade, uma vez que Oliver vivia em Bristol, no Reino Unido, e tinha a capital inglesa na palma das mãos. Inesquecível.
Depois de muitas noites maldormidas regadas a vinho e após dias de conversas sobre diferenças culturais, os sete dias na Inglaterra terminaram. Trocas de e-mails com os australianos me deixaram saudosa. Na Escócia, passei três dias de descanso em meio à arquitetura medieval do país.
Foi o momento de autorreflexão que eu precisava. Para mim, colocar sozinha o pé na estrada teve funcionalidade dupla: conhecer o mundo e me conhecer. Bastou-me dinheiro, mapa e muita coragem.