DEBATE

Arte feita por robôs é tema de discussão na Campus Party

Na manhã desta sexta (27), palestrantes debateram sobre o uso da tecnologia na criação artística

Luísa Ferreira
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Luísa Ferreira
Publicado em 27/07/2012 às 12:50
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Debater a chamada arte robótica, ou seja, o uso de robôs em experiências artísticas. Esse foi o objetivo da mesa Computadores fazem arte e os robôs são os artistas, que deixou lotado o Cenário Galileu no final da manhã desta sexta-feira (27). 

Em uma hora, o arquiteto e urbanista Gentil Porto, com experiência em vanguardas e arte contemporânea, e o engenheiro eletrônico Clylton Galamba, professor da pós-graduação em design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), discutiram o seguinte questionamento: "Não seria a criação artística uma capacidade exclusivamente humana?". O mediador da mesa foi Edson Barrus, zootecnicista e mestre em linguagens visuais.

Abrindo a discussão, Edson Barrus trouxe exemplos de experimentações artísticas com o uso de robôs, como o Robotic Action Painter (RAP), do artista português Gentil Porto. Criado em 2006 para o Museu de História Natural de Nova Iorque, o robô pintor é capaz de determinar em que momento sua obra está terminada.

Gentil Porto lembrou que o robô pode ser comparado a outras ferramentas usadas para fazer arte, sendo controlado pelo artista, um sujeito que determina ou ao menos inicia os processos.  Para ele, o uso da tecnologia no desenvolvimento de experiências estéticas aproxima a arte da nossa experiência cotidiana. “Dessa forma, a arte se assemelha à nossa vivência ordinária”, observou. 

Ele questionou ainda em que medida a inovação tecnológica na arte significa inovação de experiência intelectual e perceptiva. “O artista tendia a ser um pouco mais intuitivo e espontâneo, para o bem e para o mal, por não se debruçar tanto em pesquisa e desenvolvimento”, apontou. 

Porto foi ainda mais longe, alfinetando: “O artista que está comprometido com a elaboração dessas tecnologias não estaria só reproduzindo um status quo, ditado pela inovação tecnológica?”. Para ele, faz-se necessário questionar se ser inovador, hoje, não significa ser conservador. “É um paradoxo. Você é praticamente obrigado a ser inovador nos dias de hoje. Qual é o papel daqueles que apostam no arcaico?” 

Já Clylton Galamba lembrou que essa é uma discussão antiga. “A questão do autômato não é de hoje. O computador talvez seja o autômato mais notável, mas a relação do ser humano com objetos automatizados levanta questionamentos há muito tempo.”  Para ele, um dos pontos fundamentais é a recepção. “A arte não está no objeto, não está no robô, não está no quadro. A música não está no som, está em quem escuta.”

 

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