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Solutione está na crista da onda

Precursora em soluções de videoconferência e telepresença, empresa ampliou atividades, abriu escritório em SP e cresce 30% ao ano

Do JC Online
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Publicado em 21/09/2012 às 18:28
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Hoje em dia, com todos os defeitos e limitações da banda larga brasileira, fazer uma videochamada é algo tão natural que requer apenas um aperto de botão. No entanto, há 14 anos, soluções de videoconfe-rência eram consideradas tão futuristas que somente algumas poucas empresas de grande porte se davam ao luxo de pensar nesses serviço. Ora, era a época da internet discada. Grandes velocidades na rede ainda eram medidas nos kilobits por segundo. Lembrando disso, é fácil imaginar porque, apesar de tanta gente ter tentado dissuadir o empresário Davison Souza e seus sócios a desistir da Solutione, ele hoje ri à toa e esbanja simpatia. “A turma dizia que a gente ia morrer de fome. Ninguém falava em videoconferência naquela época”, se diverte Souza.

Uma década e meia depois, a Solutione comemora o bom momento econômico do Estado, a cultura de produção e consumo de vídeos e a própria mudança do mercado, que tem demandado aplicações complexas baseadas no audiovisual, mas que não se limitam apenas a estabelecer a comunicação entre dois pontos. “Atualmente, videoconferência e telepresença são complementos do que fazemos. Hoje somos muito mais uma empresa de automação que de comunicação por vídeo”, conta Souza.

E o bom momento já dura alguns anos, desde que a empresa decidiu abrir um escritório em São Paulo. Daí para a frente, cresceu em média 30% ao ano. “Devemos crescer um pouco menos em 2012 porque o mercado está estranho. Mesmo assim, nossa expectativa de faturamento é de R$ 20 milhões”, conta o empresário. “Agora, temos perspectivas muito positivas para os próximos 24 meses. Vamos crescer tanto que precisaremos de um departamento de RH próprio, além de vários técnicos para administrar nossas redes”, afirma. No momento, somente 34% vêm de negócios dentro de Pernambuco.

Números tão superlativos vieram como resultado de muito trabalho, mas também por várias coincidências no modo como os negócios foram afetados pelo século 21. Até mesmo tragédias nacionais e internacionais, de certa forma, influenciaram o desenvolvimento do negócio. “Uma coisa muito importante que impulsionou nosso negócio foi o 11 de Setembro. De repente, as empresas passaram a não querer enviar seus executivos para outras cidades”, lembra. Logo em seguida, recorda o empresário, aconteceu no Brasil o que ficou conhecido como o caos aéreo: acidentes, atrasos e casos de overbooking que culminaram com a total desestruturação do tráfego de passageiros nos aeroportos do País. 

“De novo, foi uma tragédia que nos beneficiou muito”, diz Souza lembrando do acidente envolvendo o voo 3054 da TAM, que não conseguiu frear na pista do aeroporto de Congonhas e colidiu, matando 187 pessoas. “Os executivos estavam genuinamente com medo. Todos passaram a querer salas de vídeo, mesmo em home offices”, conta.

O sucesso foi tanto que a Solutione passou a ter dificuldade para prospectar novos mercados. Entre os clientes, estão construtoras do nível da Odebrecht, multinacionais como a Nestlé e até gigantes da tecnologia como o Google. “Mas sempre fomos muito inquietos e acabamos descobrindo um novo mercado com as soluções de monitoramento”, diz. E aí teve início uma nova fase na empresa que ainda está apenas na infância. Segundo Souza, a Solutione hoje se considera uma empresa de automação e será a responsável, por exemplo, pelo Centro de Operações do Governo do Estado. A sala, que contará com painéis eletrônicos e controle de câmeras irá demandar um aumento significativo de pessoal. “Precisaremos de pelo menos mais uns 50 operadores”, diz Souza, lembrando que atualmente todo o quadro de funcionários da companhia é de 53 pessoas.

O executivo também revela que a empresa está concorrendo em duas licitações para realizar a sonorização de dois estádios da Copa do Mundo de 2014. Por fim, a área de saúde também está na mira da empresa. “Estamos com um projeto gigante na área de telemedicina. Ele só não saiu do papel ainda porque o equipamento está em fase de regulamentação. Mas é algo muito grande mesmo”, diz.

FUTURO

Se a progressão da história recente foi positiva para a Solutione, o futuro também é muito promissor. Segundo Souza, a cultura de aplicações em vídeo já foi totalmente assimilada pela população. De um jeito tal que não será surpresa que tenhamos na comunicação por vídeo em nossos celulares uma forma natural de conversar com parentes e amigos. Algo que, na opinião dele, só afeta positivamente o negócio da Solutione.

“Quanto mais gente fizer chamadas por vídeo, melhor. Porque a demanda por soluções para grupos grandes só tende a aumentar com isso. Quer dizer, ninguém vai fazer uma reunião com dez pessoas em um iPad. Mas ela pode conectar seu iPad, enquanto outro funcionário usa um smartphone, enquanto um grupo grande está numa sala de telepresença”, destaca. Para Souza, só faltava a banda larga brasileira ser mais barata para o momento ser perfeito. 

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