Quem tem um pitaqueiro como copiloto sabe que a situação é complicada. O cenário requer toda a paciência do mundo ao motorista, que pretende chegar inteiro e em sã consciência ao destino. Uma vez iniciada a sessão pitaco, que começa ao entrar no veículo com perguntas como “já ajeitou o retrovisor?”, parece não ter mais fim. Depois da primeira leva de conselhos, a segunda não tarda a chegar, e a viagem vira uma tortura para muitos donos de carros.
O “pitaqueiro dos bons” costuma abordar temas variados. Não se contenta apenas em apontar os melhores caminhos, mas insiste em fazer críticas sobre marchas incorretas para determinadas velocidades. O pior é que quase todo brasileiro, além de se considerar treinador de futebol, acredita que é bom motorista. E o resultado não poderia ser outro: é pitaco até umas horas.
“Basta entrar no carro com minha mãe que começo a escutar conselhos sobre acelerar ou frear demais. Isso cansa”, diz o estudante Renan Alves, 21 anos. Apesar de criticar a mãe, reconhece que se tornou um aprendiz dela e hoje faz marcação cerrada com a namorada. “Certa vez fomos a um shopping e minha namorada dirigia mal. Falei tanto que ela me deu o carro. Quando cheguei em Boa Viagem, um carro bateu na gente. Foi o preço que paguei por falar demais”, lembra.
A estudante Vanessa Lorega, 22, tem a mãe, dona Vânia, como a pitaqueira oficial da família. Vanessa diz que sua genitora não é de dar bronca, mas sim “daquelas que tenta persuadir” o motorista a fazer o caminho que considera melhor. Chega até ao ponto de dar dicas a taxistas.
Situação complicada mesmo é quando pai e mãe de Vanessa se reúnem no mesmo veículo. É informação para tudo que é lado. “Fico confusa porque ela vem com essa história de perguntar para onde vou, querendo explicar o melhor trajeto, e painho diz para ela me deixar em paz. Aí minha mãe fala para eu fazer uma coisa e painho outra. Não sei como, mas chegamos nos cantos”, conta.
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