
Quem estiver pensando em comprar um carro importado é bom se apressar. Com a elevação do câmbio das principais moedas estrangeiras, sobretudo o dólar, o aumento de preços vai acabar estourando nas mãos do consumidor. Essa é a previsão de vendedores e gerentes de concessionárias. Muitos acreditam que o preço não subiu ainda porque as lojas e a fábrica possuem carros em seus estoques, mas ninguém garante que o valor será mantido para os veículos da linha 2016, que começam a chegar no próximo mês.
O discurso ganha cada vez mais força nas lojas. O dólar, que começou o ano abaixo dos R$ 3, atingiu R$ 3,54 no câmbio oficial semana passada, o maior valor dos últimos 12 anos. E os fabricantes certamente vão precisar refazer seus cálculos para o próximo semestre. A Fiat, por exemplo, repassou um reajuste expressivo na última sexta-feira para alguns importados como o 500, que vem do México. Em algumas versões, de acordo com o número de acessórios, o carrinho subiu mais de R$ 15 mil. E muitas outras marcas devem seguir o mesmo caminho. Não com o repasse total do reajusta, mas certamente algo vai parar na conta do cliente.
A leitura feita é que as marcas que importam veículos trabalham com uma margem de variação cambial antes de definir o preço. O problema é que o dólar subiu mais que o previsto, o que vai obrigar as empresas a rever valores cedo ou tarde. Em reserva, muitos concessionários acreditam que pode haver reajuste a qualquer momento. Isso porque as marcas que vendem modelos importados se valem dos estoques para tentar segurar o preço o máximo possível, mas na nova linha dificilmente virá com a tabela atual.
“Trabalhamos com um bom estoque, mas não sabemos como será o futuro”, afirma Polyana Dominici, diretora-comercial da Audi Center Recife. Ela reconhece que o aumento pode vir a qualquer momento quando o estoque acabar e aconselha os clientes que estiverem em dúvidas para correr e garantir logo a compra. Eduardo Vieira, diretor comercial da Sael, revenda Jeep na capital pernambucana, confirma que o dólar alto atingiu alguns modelos importados. Ele diz que a Grand Cherokee a diesel, que custava cerca de R$ 250 mil no início deste ano, hoje sai por R$ 289.900 e defende o discurso de que o ideal para o consumidor é garantir logo a compra para não ter surpresa num futuro próximo.
Vale lembrar que o reajuste, que afeta diretamente o mercado de importados, vai atingir também a indústria nacional. Até porque os carros produzidos em nosso País possuem boa parte de seus componentes de fora e os fornecedores brasileiros vão sentir na pele os efeitos do dólar mais alto. Até o Renegade, que é fabricado em Pernambuco, sofreu reajuste de cerca de R$ 2 mil. Isso porque o SUV da Jeep utiliza uma média de 30% de componentes importados. A Honda alterou o preço do HR-V em R$ 2 mil e várias montadoras também realinharam os preços entre 1% e 2%. Como o reajuste não foi tão elevado, muitos consumidores nem sentiram o peso.