Engarrafamento

Reféns da falta de políticas públicas e do clima

Leitor pede políticas duradouras para amenizar os problemas trazidos pelas chuvas

Gilberto Luna
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Gilberto Luna
Publicado em 22/06/2011 às 21:30
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Desde os primórdios da democracia, já podemos observar sua face sectária ao atingir algo em torno de 10% dos cidadãos de Atenas, que era então liderada por Clístenes  ( 508 – 507 a.C ). No conceito de cidadão da época, eram excluídos da participação política, por exemplo, estrangeiros, mulheres, escravos e crianças.

Atualmente, mesmo não esquecendo que a democracia sofre constante aprimoramento, nota-se ainda que o efeito da mesma tenha parcialidade nos seus frutos, quando deveria ser universalidade (governo do povo, para o povo). 

Não desprezando a vocação de cada região do Brasil, a diferença do desenvolvimento regional nos mostra com muita clareza uma política direcionada a interesses pontuais. A Sudene até tentou superar o “EU” embutido nos guetos desse poder, mas não conseguiu reduzir as grandes diferenças regionais e vimos uma competição quando deveria ser cooperação e sinergia, nos quatro cantos deste País.

A democracia é muito exaltada durante o período eleitoral, tendo-se como alvo apenas o voto. Consumado este processo, o que vem pela frente é uma política burocrática, desvirtuada de sua essência e seu objetivo (a sociedade).

Pergunta do Eleitor:

Qual seria a ação básica de qualquer governante ao iniciar um mandato?

R- Fazer um levantamento das necessidades (em todas as áreas) do Município, Cidade, Estado ou País e em seguida apresentar para a sociedade um projeto, apontando soluções e custos.

Somente após as enchentes de maio/2011, houve a iniciativa do governo de PE e do governo federal para investir R$ 650 milhões na construção de cinco barragens na bacia do Rio Una, de forma a controlar a vazão do mesmo e evitar novas enchentes.

Logo observamos que os recursos já existiam! Faltava o devido mapeamento do problema e a respectiva captação da verba, ou seja, a velha Articulação Política embasada num projeto de desenvolvimento sustentável.

Alguém até poder dizer que não haveria recursos para tantos problemas, mas a julgar pelas informações citadas (necessidade de cinco barragens), vemos mais um descaso com o povo pernambucano. Não foi feito o dever de casa nem mesmo em relação às enchentes de 2010!

Existe um jargão da política de espetáculo, chamado de PIB, que se propõe a explicar e reduzir tudo sobre Desenvolvimento, afrontando nossa capacidade de avaliar e julgar. Como se este significasse necessariamente um avanço em Educação de Qualidade, Saúde, Segurança Pública, Transporte Coletivo, e etc. Porém este argumento é antigo e já foi devidamente demolido em 1972, através de Josué de Castro (Fonte: Fome, um tema proibido, pag. 136). Só para lembrar, este Recifense que estudou no Ginásio Pernambucano, foi médico, filósofo, Consultor da ONU, Professor de diversas universidades brasileiras e estrangeiras, indicado duas vezes ao Nobel da Paz, uma vez ao Nobel de Medicina, um dos idealizadores da Sudene, responsável por lecionar Geografia dos Países Subdesenvolvidos em Universidade francesa, e etc.

Um exemplo atual disso, é que o Brasil aparece na posição 73 no ranking de IDH, segundo a ONU. Porém a situação do País no grupo das nações de alto desenvolvimento humano, no entanto, ainda é inferior à do Chile, o país latino-americano mais bem colocado, no 45º lugar e nota de 0,783, seguido pela Argentina (46º). Outros países latino-americanos à frente do Brasil são México (56º), Costa Rica (62º) e Peru (63º). Fonte ( Noticias.Uol, 04/11/2010 - 12h27 ).

No entanto se o referencial for crescimento econômico (PIB Nominal), estamos na 7ª posição, atrás dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Reino Unido. (Fonte: R7, publicado em 03/03/2011 às 12h19).

Nos últimos anos presenciamos diretamente ou através da mídia, uma série de eventos climáticos extremos em quase todas as regiões do Brasil, ora muita chuva (Santa Catarina, janeiro de 2009, Amazônia, uma enchente em 2009), ora estiagem (Amazônia 2005 e 2010, Santa Catarina, junho de 2006), verificando-se até tornado com velocidade superior a 200 km/h(Muitos Capões, RS, 2005), e etc.

No caso de Pernambuco, no intervalo de 04-07-2002 até 05-05-2011, foram verificados pelo menos 20 alagamentos de grande proporção no Recife e RMR, inclusive em algumas ocasiões o interior do Estado também foi afetado com enchentes. Todos amplamente divulgados pela imprensa local.

Segundo Jose Antônio Marengo Orsini, pesquisador do INPE (Fonte: Documentário do Greenpeace), as mudanças climáticas verificadas atualmente são irreversíveis, restando-nos apenas a Adaptação a esta nova realidade. A ONU já prevê 50 milhões de “Refugiados do Clima” para a próxima década. (Fonte: A Gazeta do Povo, publicado em 02/03/2009).

Precisamos de mudanças talvez na legislação de modo a garantir um projeto mínimo de políticas públicas, independentes de governo ou partido.

Gilberto Luna é morador de Paulista, PE.

Fotos: Gilberto Luna/Especial para o JC
Engarrafamento na PE-15, em 21 de junho - Fotos: Gilberto Luna/Especial para o JC
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