João Campos em campanhas de outros municípios pode virar armadilha

É muito arriscado para alguém que já pretende ser candidato a governador, empenhar sua imagem em campanhas que podem não ser vitoriosas.

Publicado em 24/09/2024 às 20:00 | Atualizado em 25/09/2024 às 14:38

Se a campanha do Recife terminar no primeiro turno, como tudo indica, será curioso ver o comportamento de João Campos (PSB), enquanto prefeito em efetivo exercício e reeleito, durante as campanhas de Olinda e Jaboatão que devem passar ao segundo turno.

Durante sabatina da Rádio Jornal, Campos foi questionado sobre a responsabilidade que o Recife possui em relação à Região Metropolitana, mas tergiversou no sentido da responsabilidade primordial do prefeito do Recife ser o Recife.

A cozinha metropolitana

Tergiversar é, quase sempre, a arte da falácia aplicada às responsabilidades. Você fala algo verdadeiro, embora óbvio, desvia do questionamento e muda de assunto. É como ser questionado sobre não ter lavado a louça, responder que estava forrando a cama e seguir com a vida, deixando a pia cheia de pratos sujos.

A limpeza da cozinha na Região Metropolitana do Recife precisa de uma coordenação, e não parece lógico que ela seja exercida por alguém que não seja prefeito do Recife.

Norte e sul

Mesmo tergiversando, dependendo de quem sejam os candidatos no segundo turno de Olinda e Jaboatão, a presença de Campos está na conta dessas disputas.

Ao norte da capital, se Vinicius Castello (PT) seguir para a segunda etapa espera as presenças de Lula (PT) e de João.

O mesmo ocorre com Elias Gomes (PT) ao sul do Recife. Em Jaboatão, a chance de um segundo turno com participação do prefeito socialista é vista como um trunfo do candidato petista.

Ônus e…

João teve atuação efetiva nas duas candidaturas. Vitórias ou derrotas, lá, entram também em sua conta. Em Olinda, negociou a retirada da candidatura da deputada estadual Gleide ângelo (PSB) para que o partido apoiasse Vinicius.

Em Jaboatão, retirou o PSB e fez um acordo com o MDB. Os socialistas apoiaram a indicação do vice de Elias, Rafael Arruda (MDB), filho do prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto (MDB).

Coincidência ou não, Paulo Roberto foi quem deu o voto decisivo para que o MDB deixasse a base de Raquel e apoiasse João no Recife, logo após esse acordo.

…bônus

Campos teve participação direta nas candidaturas e, por isso, é natural que participe das campanhas caso elas cheguem ao segundo turno. Mas, qual será o argumento?

Finalmente vai assumir a responsabilidade de coordenação que o Recife precisa ter em relação à Região Metropolitana? Isso vai ser feito somente agora por qual motivo? Teria a ver com 2026 ou é um sincero reconhecimento de necessidade anterior?

Agreste

É preciso não esquecer de Caruaru também. João participou do lançamento da candidatura de José Queiroz (PDT). Este deve mesmo ir ao segundo turno por lá, contra o candidato da governadora Raquel Lyra (PSDB).

Campos também é esperado na campanha do segundo turno e, é bom que se diga, tem influência na Capital do Agreste. Pesquisas têm apontado que o apoio dele conta bastante na eleição de lá.

Risco

A questão é que em nenhum desses casos citados, os candidatos apoiados por João, caso cheguem ao segundo turno, são favoritos. Todos estão em desvantagem, ao menos por enquanto.

É muito arriscado para alguém que já pretende ser candidato a governador, empenhar sua imagem em campanhas que podem não ser vitoriosas. Uma coisa é montar chapa, outra é ir pra rua pedir voto.

Dizem que mágoa em política só vale a última. Significa que a memória das pessoas em política é curta também. Até que ponto, uma sequência de derrotas no segundo turno em outros municípios pode acabar atrapalhando o uso futuro de uma grande vitória em primeiro turno no Recife?

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