No Valor Econômico: Rands deixa o PT, cargo no governo e mandato

Publicado em 05/07/2012 às 9:03
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Depois de desistir, por pressão do diretório nacional do PT, das prévias do partido para a Prefeitura de Recife, o secretário de Governo de Pernambuco, Maurício Rands, anunciou ontem a desfiliação do PT, o "afastamento definitivo" do cargo no governo e a renúncia ao mandato de deputado federal, do qual está licenciado. "Saio da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania", escreveu em carta "ao povo". No texto, Rands critica os "métodos autoritários" do PT e defende a candidatura de Geraldo Júlio (PSB), ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico que foi lançado pelo governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, como candidato da Frente Popular, após romper com os petistas. O ex-secretário de Governo diz que, para apoiar o colega, decidiu sair do partido. "Trabalhei diretamente com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o sucesso do governo Eduardo Campos. Acredito que Geraldo Júlio é o quadro mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal do Recife", afirma o ex-petista, que diz deixar também o governo para provar que o apoio "não se trata de barganha de cargos". O candidato do PT em Recife, depois de intervenção do diretório nacional, será o senador Humberto Costa. O petista foi escolhido depois de frustradas prévias, feitas para agradar o governador de Pernambuco, que não queria a reeleição do atual prefeito, João da Costa (PT). João da Costa concorreu contra Rands e venceu, em decisão contestada depois. Para acabar com o imbróglio, a direção nacional pressionou Rands a desistir e barrou a reeleição do atual prefeito. Essa decisão é criticada pelo ex-secretário de Governo. Na carta, Rands diz que tentou, sem sucesso, renovar os métodos do partido nas prévias. "Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária", afirmou. Para o ex-petista, foi "infrutífera a tentativa de mostrar que o "como fazer" é tão importante quanto os resultados" - em referência às práticas atuais do PT, que tem se aliado a antigos adversários para vencer as eleições e barrado as prévias, prática histórica da legenda que permite aos filiados escolher o candidato. Humberto Costa disse, em nota, que se surpreendeu com a decisão, "tomada de maneira unilateral", e que o ex-colega de partido "nunca havia manifestado desconforto com as decisões partidárias". Eduardo Campos, também em nota, lamentou a perda de um "extraordinário secretário". Nos bastidores, comenta-se que Rands se filiará ao PSB. Retirado da disputa, João da Costa é outro que também pode deixar o PT.

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