Era uma vez duas Dilmas

Publicado em 09/03/2015 às 13:46 | Atualizado em 09/03/2015 às 15:13
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Dilma - charge de miguel   Neste fim de semana, curiosamente, o Brasil teve a oportunidade de ver pela televisão duas versões oficiais da presidente Dilma Rousseff (PT). Em uma frente, a Dilma oficial é a do mandato atual, a petista atual, uma transmissão da Presidência da República na noite do domingo dia 8, Dia Internacional da Mulher. Na outra frente, a Dilma é a do PSDB. O partido compilou gravações oficiais da então candidata à reeleição em 2014 e depois contextualizou com o que ocorre atualmente na economia, sem usar um político tucano sequer para se contrapor às falas da própria Dilma. Os filmes estrearam no sábado (7). Confira abaixo e comente: de que Dilma você vai?   DILMA DO PT - a transmissão presidencial
Na transmissão em rede nacional, um pronunciamento que durou pouco mais de 15 minutos, Dilma pela primeira vez reconheceu  a gravidade da crise. Ainda assim apenas em parte. Se fez muito bem em ir à televisão e falar abertamente da crise, a presidente demonstrou evidente perda de "timing". É que ela tratou o atual desastre na economia como questão séria, que enseja cortes e medidas duras, porém afirmando que "nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns". E é aí que mora a questão: Dilma demorou tanto a reconhecer o cenário real da economia que agora precisa fingir que estamos lá atrás, em 2014, quando o problema era só do governo. Na verdade o momento, e não são "alguns" que dizem, é outro. A crise já começou a agredir o orçamento das famílias. Seja honesto e pense em você mesmo, na sua feira, no seu gasto com restaurantes, com a escola dos filhos. Você consegue manter seu nível de vida de um ano atrás? E de dois anos atrás? Dilma fala: "você tem todo o direito de se irritar e se preocupar" e depois pede "paciência", fala que "a situação é passageira". Ora, se a questão era demonstrar sensibilidade com a família e o cidadão, ser propositiva, ela poderia ter, por exemplo, aconselhado as famílias a conterem os gastos. Não é debate partidário. Só a conta de luz subirá em média 30% este ano. Observação: de fato, o foco não era tratar de escândalos, mas a presidente dedicou apenas sete segundos - de 12:59 a 13:06 - para tratar do petrolão, de forma mais do que genérica.   DILMA DO PSDB - a produção tucana
Como já escrito aqui no sábado (7), o PSDB levou ao ar seus vídeos institucionais no último fim de semana, dias 7 e 8. Mas a campanha não foi estrelada por Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, José Serra ou Geraldo Alckmin. Os filmes tiveram apenas Dilma, com declarações da campanha 2014 sobre o que ela promete que faria ou o que nega que faria. O mote, previsível, foi "falar uma coisa e fazer outra". O PSDB evita se expor, quando veicula apenas a imagem da presidente Dilma. Mas para um partido que criticou o tom de campanha da presidente, quando após quebrar um silêncio de 60 dias Dilma deu origem ao clássico "#foiofhc", é mais do que contraditório que os tucanos explorem justamente o aspecto eleitoral da questão. Nesse sentido, o PSDB faz como Dilma: acerta em querer debitar os problemas à presidente, mas erra na abordagem. Observação: em meio ao polêmico arquivamento da investigação contra Aécio, na famosa Lista de Janot, o PSDB pulou uma fogueira ao não citar o ex-candidato à presidência tucano. A produção tucana conta com três filmes curtos, no total. Os outros dois você pode ver no post Dilma vira a estrela do PSDB.

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