Dono de avião que caiu com Eduardo Campos tem carros de luxo, barco e cobertura na Praia do Paiva não declarados

Publicado em 10/03/2017 às 14:32 | Atualizado em 07/02/2023 às 11:11
Praia do Paiva. Foto: Edmar Melo/ JC Imagem
FOTO: Praia do Paiva. Foto: Edmar Melo/ JC Imagem

Praia do Paiva. Foto: Edmar Melo/ JC Imagem Praia do Paiva. Foto: Edmar Melo/ JC Imagem   Investigado como dono do avião que caiu e matou o ex-governador Eduardo Campos (PSB), em 2014, o empresário Apolo Vieira Santana, já se sabe, negocia acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) depois de ser alvo da Operação Turbulência. Mas, apesar da Turbulência investigar suposto esquema que envolveu o PSB e campanhas de Eduardo, Apolo chegou a ter pedido de prisão decretado em fevereiro pelo juiz Sérgio Moro em outra operação, a Blackout, que mirou o PMDB. O empresário só não foi preso justamente por negociar a delação. Mas foi na Blackout que a Receita Federal levantou e relacionou bens declarados e não declarados do empresário, entre eles uma cobertura de 508 metros quadrados na famosa Praia da Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. Entre os bens não declarados de Apolo há carros de luxo e a cobertura em um dos cartões postais da Região Metropolitana do Recife: a Praia do Paiva, também chamado de Reserva do Paiva, um complexo imobiliário de bilhões de reais da construtora Odebrecht. O documento foi revelado nesta sexta (10) no blog do repórter Fausto Macêdo, do Estadão. Às 18:45 o empresário enviou nota à coluna, em resposta sobre o assunto. Você pode conferir a íntegra ao final deste texto ou clicando neste link.  

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  Na prática, segundo a Receita, Apolo, embora movimentasse contas até no exterior, o dono do avião de Eduardo Campos só formalizou como bens junto ao Fisco participações societárias em empresas e planos de previdência privada. Contudo, o pente-fino da Receita levantou a existência de carros de luxo e um barco, de 46 pés, uma soma de R$ 5 milhões em veículos, além de um apartamento de R$ 3 milhões. O endereço declarado é na Avenida Boa Viagem. Mas só um apartamento na Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, comprado em 2014, na época por mais de R$ 3,5 milhões. Agora que se sabe da existência da negociação de uma delação de Apolo, a expectativa é pelo que ele vai contar ao Ministério Público.   ENTENDA Em 24 de janeiro de 2017 veio à tona a informação de que Apolo, João Lyra e Eduardo Leite, os três principais empresários envolvidos na Turbulência, teriam fechado delação premiada para entregar detalhes do esquema, que teria movimentado R$ 600 milhões e supostamente incluiria obras públicas pernambucanas, além de obras federais em Pernambuco. No caso de Apolo, essa confirmação veio no dia 23 de fevereiro passado, com a divulgação dos documentos da Blackout: Moro chegou a decretar a prisão de Apolo, na operação que seria deflagrada naquela data. Mas depois revogou o pedido, ao saber que ele negocia delação premiada no Supremo Tribunal Federal (STF).   RESPOSTA Abaixo, confira, na íntegra, a nota enviada pela assessoria de imprensa do empresário:   O empresário pernambucano Apolo Santana Vieira, um dos investigados na Operação Blackout, afirmou, nesta sexta-feira (10), que seu patrimônio encontra-se declarado na Receita Federal. Ele negou ter bens em nome de terceiros, como consta no Relatório e destacou que o próprio Relatório "espelha todas as empresas que participo como sócio ou acionista". Apolo Santana Vieira disse ainda que nunca foi operador financeiro de propinas através de lavagem de dinheiro em contas correntes no exterior e que também nunca tratou com políticos sobre qualquer espécie de propina. Atuando na importação e distribuição de pneumáticos, além de investir em outras áreas como pescados, cosméticos e securitização de títulos, ele disse que "nesta condição de empresário, não sou nem nunca fui fornecedor de qualquer produto ou serviço para órgãos públicos em qualquer das esferas de governo. E apesar da inclusão do meu nome na Operação Blackout, nas centenas de delações realizadas no bojo da Operação Lava Jato, meu nome nunca foi citado em nenhuma delas". Apolo Santana Vieira declarou ainda que não recebeu qualquer recurso oriundo de propina do contrato do navio sonda Petrobras 10.000, bem como não manteve nenhuma relação empresarial ou pessoal com qualquer das pessoas citadas ou envolvidas na Operação Blackout. Com relação à incompatibilidade das movimentações financeiras alegadas no Relatório da Receita Federal, ele esclareceu que, seus recursos foram devidamente declarados sendo parte na conta de lucros distribuídos - decorrentes de suas participações societárias -, e que foram reinvestidos diretamente em outras empresas. Razão pela qual não circularam em suas contas correntes. Sobre o  imóvel localizado na Reserva do Paiva, que consta no Relatório da Receita Federal como sendo de propriedade do empresário, ele esclareceu que não chegou a concretizar a compra, sendo distratado em dezembro de 2016 e resultou num crédito de R$ 1.032.733,00. Com relação às posições financeiras mantidas no exterior, ele afirmou: "Elas não tem nenhuma relação com lavagem de dinheiro para operação de propina. Todas foram devidamente declaradas e incluídas na Lei nº 13.254/2016 que instituiu o repatriamento de recursos mantidos no exterior através do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT)".

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